São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Novo tom de verde

WERNER EUGÊNIO ZULAUF

Os primeiros passos dos órgãos de defesa do meio ambiente, lá pelos anos 70, foram dados no controle da poluição das águas e do ar, particularmente de indústrias de elevado potencial poluidor, como agroindústrias de açúcar e álcool, celulose, cítricos, siderúrgicas, fábricas de cimento, fertilizantes, indústrias químicas etc.
Em seguida, nos anos 80, cresceu a defesa do verde, com os tombamentos da mata atlântica, proliferação de APAs –áreas de proteção ambiental, estações ecológicas, parques nacionais, estaduais e municipais, com a mobilização nacional e mundial pela defesa das baleias, da Amazônia, do Pantanal e de outros ecossistemas notáveis. Nesse período, surge e se dissemina o conceito de biodiversidade e a consciência que sua manutenção só será possível com a preservação dos grandes ecossistemas do globo.
Em meados dos anos 80, surge um novo componente, com a lei dos direitos difusos: é a entrada do Ministério Público no "pool" de atividades de defesa do meio ambiente. Cresce o papel dos advogados e procuradores nos embates judiciais. Em São Paulo, assumem a Secretaria do Meio Ambiente, o jurista Alaor Caffé Alves, seguido do promotor público Édis Milaré.
O mundo evolui e incorpora o tema ambiental no cotidiano do cidadão. Surge o marketing verde e o engajamento do setor empresarial. Essa nova tendência floresce em 1992, na conferência do Rio de Janeiro, e dá o tom do movimento ambientalista dos anos 90.
O novo conceito sugere que os problemas ambientais sejam resolvidos, sempre que possível, no fluxo das leis de mercado, em contraposição às tendências das duas décadas passadas de resolvê-los pelas leis do Diário Oficial. Os resíduos acondicionados seletivamente alimentam indústrias de produtos reciclados que, por sua vez, geram empregos e impostos.
Árvores na cidade de São Paulo são plantadas a custo zero para a prefeitura, financiadas pela propaganda nos protetores de plástico. O mercado verde ganha espaço e passa a gerar uma fatia crescente do PIB (Produto Interno Bruto).
Essas metamorfoses devem ser acompanhadas por novas atitudes do governo, que deve adotar parceria com a iniciativa privada, motivando-a no rumo do desenvolvimento sustentado. Isso exige novas metodologias de ação, criatividade e abertura ao diálogo e à participação.
No momento em que o Estado de São Paulo elege para seu governador Mário Covas, um estadista comprovado, administrador testado e cidadão de enorme sensibilidade com a questão ambiental, tenho certeza de que teremos condições técnicas, políticas e institucionais para o salto qualitativo que a gestão ambiental paulista moderna requer.

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