São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Mesbla muda e desativa eletroeletrônicos

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A Mesbla, segunda maior rede de lojas de departamentos do país, anunciou ontem que, a partir do próximo mês, deixará de comercializar produtos eletrônicos e eletrodomésticos; ferramentas e artigos para camping.
Saem das prateleiras aparelhos de TV e som, liquidificadores e batedeiras. Cedem espaço para reforço de vestuário, acessórios e utilidades domésticas.
Somadas, essas linhas deverão responder por 80% do faturamento em 1995. O restante virá das vendas de CDs, brinquedos e bicicletas e artigos esportivos.
A reestruturação, que prevê investimento de US$ 10 milhões na modernização das lojas, faz parte da estratégia em curso armada pelo grupo para se livrar de prejuízos que, somente em 1993, atingiram US$ 25 milhões.
"Nada mais natural para uma empresa que há três anos registra maus resultados buscar áreas de bons resultados", disse à Folha o diretor Carlos André de Laurentis.
A mudança no mix de produtos será feita simultaneamente nas 45 lojas (dez no Estado de São Paulo), que geram quase 50% do faturamento previsto de US$ 1,5 bilhão do grupo, neste ano.
Segundo o executivo, itens de vestuário potencializam o dobro de rentabilidade em relação a aparelhos de TV. Essa não teria sido, contudo, a única razão para a desativação de linhas.
O setor de ferramentas, por exemplo, é lucrativo, mas incompatível com o novo modelo de varejo que será implantado.
A expectativa da Mesbla é aumentar em 20% a comercialização de roupas e acessórios (bolsas, calçados e perfumes) para compensar o encerramento das atividades com eletroeletrônicos, que correspondem a 8% do faturamento.
Em 1985, a Mesbla já havia desativado o setor de linha branca (geladeira, fogão, aparelho de ar condicionado).
"Seguimos uma tendência internacional das lojas de departamentos, moldada, por exemplo, pela transformação ocorrida na cadeia norte-americana J.C.Penney", diz Laurentis.
A virada da Mesbla está sendo conduzida a partir de diagnóstico formulado pela consultoria Booz-Allen & Hamilton. O público alvo da empresa foi definido como a família de classe média, principalmente mulher com filhos.
A empresa planeja aplicar metade da verba de US$ 20 milhões de publicidade em 1995 para promover suas seis marcas exclusivas: Daniel Hechter (feminino), Tucano (masculino), Next (jeanswear), Alternativa (jovem), Bazooka (infantil), Mr & Mrs.Baby (bebês).
"O objetivo é que a participação dessas grifes nas vendas cresça de atuais 30%, aproximadamente, para 50%", revela o executivo.
Também a importação de roupas, brinquedos e utilidades domésticas procedentes dos EUA e países asiáticos deverão totalizar 20% dos volumes comercializados em 1995. Eram 5% em 1993 e 10%, este ano.
"Através da importação poderemos oferecer artigos diferenciados, a preços bastante competitivos", acrescenta.
Coleções de moda serão desenvolvidas por equipes especializadas, os "desenvolvedores" de produtos que, apoiados por um escritório de estilo, viajarão ao exterior três vezes por ano para acompanhar lançamentos.
"Acabou a crise de identidade. Achamos nosso nicho", diz Laurentis, confiante em que reestruturação "voltará a pintar de azul" os balanços da Mesbla.

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