São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Time corintiano corre risco esta noite

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O trio de ferro oxidou e agora já está reduzido a Palmeiras e Corinthians, que começa hoje uma rodada de fogo. Pois se o adversário do Palmeiras é muito superior ao do Corinthians, este é quem corre maiores riscos esta noite. Explico: o Atlético veio lá da repescagem, e chegou até aqui mais por força da sua torcida do que pela excelência técnica de seu time. É bem verdade que lá está o velho Éder, cheio de manhas e ainda dono de um petardo de meter medo em qualquer um. Aliás, nunca me esqueço do pânico por que passei quando de um treinamento da seleção de 82, quando um chute do Éder passou zumbindo a milímetros da minha cabeçca. Só o vácuo quase me jogou por terra.
Mas, além de Éder, que mais? O espírito de luta de Éder Lopes e Darci? O oportunismo desse menino Reinaldo, que está mais para o Rei Dadá do que para o Rei Reinaldo? Seria pouco, caso o Corinthians não vivesse hoje uma grave crise de identidade, expressa claramente nos problemas alinhados com esmero pelo Matinas ontem, aqui mesmo.
Entre outras coisas, Souza faz uma falta danada a esse meio-campo. É quem lhe dá o toque de classe indispensável ao setor mais nobre de uma equipe de futebol. Está fora, como Viola, o diferencial, que ultimamente, porém, se confunde com qualquer outro. Por sorte, Marcelinho tem se desdobrado, tanto participando da armação quanto resolvendo lá na frente, com suas assistências magistrais e seus disparos indefensáveis.
Também é pouco. Mas, quem sabe, não será o suficiente?

Já entre os verdes, amanhã, o equilíbrio é pra cima. Ambos têm dois bons times, entrosados etc., mas não poderão contar com suas duas maiores estrelas: Edmundo, suspenso, e o artilheiro Amoroso, contundido. Sem Edmundo, o Palmeiras tem sido um time convencional, mas sem alma. Sem Amoroso, o Guarani deu a volta por cima no São Paulo.
Mas aquilo foi no calor do jogo. Júlio César entrou, fez o gol e tudo o mais. Amanhã, não. Ambos entram frios e começa outra história.
Aliás o equilíbrio entre Palmeiras e Guarani começa no miolo da zaga. De um lado, Cláudio e Jorge Luís (como esse jogador não se fixou no Corinthians, na Lusa e no Vasco?); de outro, Antônio Carlos e Cléber. E termina lá na frente, com dois goleadores respeitáveis –Evair e Luizão, um centroavante que vale por toda uma linha de ataque. Mexe-se pra cá, pra lá, escapa em alta velocidade pra ser lançado e aparece na área sempre no ponto certo de finalização.
O que pode desequilibrar esse jogo amanhã noite é o peso histórico das camisas. Mas, até nisso, não se pode apostar com os olhos fechados. Afinal, essa escrita o Guarani já quebrou diante do mesmo Palmeiras, em 78, lembram-se?
Assim, resta tão somente a vantagem que o Palmeiras leva no banco, onde sentam-se jogadores de melhor nível.

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