São Paulo, sexta-feira, 9 de dezembro de 1994 |
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Flamengo planeja superclube para 95
MÁRIO MAGALHÃES
A promessa é do presidente eleito do clube, Kleber Leite, 45, que assume o cargo no próximo dia 2 de janeiro. No centenário do clube mais popular do país, no ano que vem, ele planeja promover 100 eventos, a maioria shows. No mesmo mês, o dirigente falará durante dois minutos em anúncio a ser veiculado nacionalmente na televisão. Leite sonhava contratar o técnico Telê Santana, que renovou com o São Paulo ontem por mais um ano e pensa em contratar jogadores como o palmeirense Edmundo. Não é pouco para o clube mais endividado do Brasil. Folha - Como formar um supertime de futebol se o clube deve pelo menos US$ 24 milhões? Kleber Leite - O primeiro passo será o saneamento financeiro. A médio prazo, o Flamengo tem uma sede no morro da Viúva (zona sul) que poderá ser explorada. Folha - Como? Leite - O prédio tem 148 unidades (apartamentos) e duas lojas. Poderíamos fazer uma parceria com uma empresa para recuperá-las, gastando cerca de US$ 20 mil em cada uma, e depois vendê-las por US$ 90 mil cada. Folha - E tudo seria investido no futebol? Leite - Com isso teríamos um centro de treinamento, um clube melhor, talvez um estádio para 20 mil pessoas na Gávea. Folha - O senhor é empresário do setor de marketing esportivo. Como aproveitar esse know-how no clube? Leite - O Flamengo, segundo pesquisa de opinião, tem 30 milhões de simpatizantes no Brasil. Cada um deles precisa entender que tem uma parcela de culpa na situação a que o clube chegou. Folha - Como convencê-los? Leite - Em janeiro teremos dois minutos de anúncio em, se possível, rede nacional de televisão. Vamos mobilizar a nação rubro-negra. Será impactante. Folha - Qual é o déficit mensal do Flamengo? Leite - Só há 2.800 sócios pagantes. Em poucos meses chegaremos a 15 mil. O déficit mensal é de US$ 500 mil. Folha - Isso basta? Leite - Não. Vamos ter a partir de janeiro a TV interativa. Já estamos estudando em que emissora. Funcionará de modo parecido com o programa da Hebe Camargo, em que alguém telefona para se posicionar sobre algum assunto e paga um valor na conta do telefone. Além disso, faremos 100 grandes eventos em 1995. Folha - Onde? Leite - No próprio estádio da Gávea, com show e tudo o que possa reverter em recursos. Folha - O maior artilheiro da história do Flamengo, Zico, apoiou-o na eleição. Qual será o papel de Zico no clube? Leite - Nada vai ser feito sem consultá-lo. Não contrataremos jogadores abaixo dos 27 anos, por orientação do Zico. Folha - O futebol carioca tem condições de acabar em 1995 com a hegemonia dos clubes paulistas? Leite - Temos que começar arrumando a nossa cozinha. Os clubes do Rio não conseguem conviver nem entre eles. O atual presidente do Flamengo não fala com o presidente da Federação Estadual e com o do Vasco. Isso vai acabar. Folha - Como? Leite - Já estou conversando com todos eles. Disputa é só no campo. Fora, temos que nos unir. Vou me encontrar até a semana que vem com o prefeito César Maia e com o governador eleito Marcello Alencar. Folha - O que o vice-presidente de futebol da diretoria eleita, Plínio Serpa Pinto, fará hoje e amanhã em São Paulo? Leite - Ele vai conhecer os centros de treinamento de São Paulo e Palmeiras. Precisamos conhecer experiências que deram certo. Texto Anterior: Time terá cozinha experimental Próximo Texto: Eleição é marcada por polêmica Índice |
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