São Paulo, sexta-feira, 9 de dezembro de 1994 |
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Crossover pernambucano volta à cidade
CELSO FIORAVANTE
Quando: hoje e amanhã, às 22h Local: Riverside Hall - Morumbi Center (av. Morumbi, 7.395, tel. 530-7004, esquina com av. Engenheiro Luís Carlos Berrini) Ingressos: R$ 15 Abertura: hoje, banda Professor Antena; amanhã, banda Worubu Quem está perdendo o bonde da MPB pode correr e assistir neste fim-de-semana os shows das bandas Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, os dois expoentes máximos do Mangue Beat, movimento musical recifense responsável pela adrenalina produzida no cenário musical brasileiro este ano. De quebra, os shows terão ainda abertura das bandas Professor Antena e Worubu, boas contribuições do Sudeste ao cenário pop nacional. As duas bandas pernambucanas lançaram recentemente seus discos de estréia. Chico Science e sua Nação Zumbi conquistaram a mídia e a Sony, que lançou seu "Da Lama ao Caos", primeiro manifesto fonográfico de uma estética musical trópico-antropofágica que propõe a mistura de ritmos regionais brasileiros –embolada, xaxado, maracatu, repente etc– com o rock. Propõe ainda em seus versos um receituário básico de sobrevivência sociocultural em Recife, uma das metrópoles mais castigadas do mundo. "Com a barriga vazia/ Não consigo dormir/ E com o bucho mais cheio/ Comecei a pensar/ Que eu me organizando posso desorganizar/ Que eu desorganizando posso me organizar", diz um trecho da faixa-título do disco. O disco "Samba Esquema Noise", do Mundo Livre S/A, banda liderada pelo vocalista e compositor Fred Zero Quatro, veio logo depois, pelo selo Banguela (Warner Music). Nele, mais que o rock, é o samba –principalmente o samba esquema novo de Jorge Benjor– que vai dar liga ao crossover tupiniquim do grupo. "Jorge Ben é meu ídolo desde a adolescência. Seu samba tem uma identidade fora dos padrões de mercado e uma linguagem própria. 'Tábua das Esmeraldas' é o disco mais ouvido na minha vida, é meu disco de cabeceira", disse Zero Quatro, que é o autor de "Caranguejos com Cérebro", manifesto que chamou a atenção da mídia para a cena recifense. Mas se musicalmente é o samba quem dá o tom a contestação sociopolítica tem um pé no punk. "No início dos anos 80, participei das bandas Serviço Sujo e da primeira formação do Câmbio Negro, duas bandas de punk-rock e hardcore. Hoje somos uns punks mutantes, uns punks que resolveram chafurdar na MPB", resume Zero Quatro. Sobre o show, Zero Quatro adianta que, além das faixas do disco, tocarão composições reunidas ao longo de dez anos de estrada e covers como "Brother", de Jorge Benjor, "O Sósia", do Moleques de Rua, e uma instrumental do Beastie Boys. Sobre um show conjunto com Chico Science & Nação Zumbi, Zero quatro diz que não combinaram nada, mas a possibilidade de tocarem algo juntos é grande. Texto Anterior: Prêmio dá US$ 10 mil a jovens artistas Próximo Texto: Curador do MoMA elogia Oiticica e Clark Índice |
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