São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Briga em cadeia deixa 2 presos mortos

ANA MARIA MORAU
DA FOLHA NORDESTE

Dois presos morreram e três ficaram gravemente feridos ontem de manhã em uma briga entre detentos na Cadeia Pública de Vila Branca, em Ribeirão (SP).
Os presos foram espancados com pauladas e sofreram golpes de estiletes pelo corpo. Evandro Guerino morreu ainda na cadeia e Jean Carlos Soares, logo após chegar na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas.
Os outros três –Clodoaldo dos Santos, Luiz Henrique de Oliveira e Washington Luiz Vitório– estão internados no Hospital das Clínicas e correm risco de vida.
Os presos Alexandre Amadeu e Oswaldo Silveira Filho foram transferidos para a Cadeia Pública de Santa Rosa de Viterbo (71 km de Ribeirão) pois, segundo o delegado seccional, Luiz Carlos Pires, estavam "jurados de morte".
A briga durou cerca de 30 minutos. Às 12h, o clima na Cadeia Pública de Vila Branca era de tranquilidade e os detentos jogavam futebol no pátio interno da cadeia.
Foi instaurado um inquérito para apurar os motivos da briga. O delegado Pires aguarda o laudo da perícia e dos exames de autópsia para esclarecer o caso.
"Vamos esperar os resultados dos trabalhos. Mas o problema da cadeia é a superlotação", afirmou Pires. Segundo ele, o presídio comporta 248 presos e abriga atualmente cerca de 500 detentos.
"Isso causa problemas sérios de relacionamento. É impossível a ressocialização dos presos", disse Pires. Para o delegado, mudanças na segurança da cadeia devem ser estudadas. "O ideal seria termos 50 PMs fazendo a segurança da cadeia", afirmou. Hoje, o número de homens que faz a segurança do local não passa de 10% do ideal.
Em uma revista nas celas anteontem, foram encontradas oito barras de ferro e estiletes escondidas no pátio interno do presídio. "Faremos nova revista na próxima semana", disse Pires.
No último dia 31 de outubro, uma rebelião resultou em ferimentos em quatro presos, atingidos por tiros. Segundo os detentos, os tiros foram disparados por policiais militares.

Texto Anterior: Para família, não foi fatalidade
Próximo Texto: Índios são presos sob a acusação de estupro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.