São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994 |
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Holambra colhe maior safra de pêssego ;Leilões de frutas
GRAZIELE DO VAL
Colheita na região de Paranapanema (SP) rende 4,5 mil toneladas de frutas, 90% a mais do que em 1993 Os produtores de pêssegos de variedade precoce da região de Paranapanema estão contabilizando recordes. A safra que acaba de ser colhida atingiu a marca de 4.500 toneladas de frutas, resultado 90% maior do que o de 93. A produtividade, de 15 toneladas por hectare, ficou bem acima da média nacional (10 t/ha). Além disto, os preços obtidos pelos agricultores na comercialização do produto foram 100% superiores aos de 93, em dólar. "A oferta de outros tipos de frutas no mercado foi menor por causa da seca e da geada. Com isso, a concorrência diminuiu e conseguimos um lucro mais alto", diz Antônio Luís Bortolatto de Azevedo, gerente da divisão de perecíveis da Cooperativa Holambra de Paranapanema. O consumo interno, segundo Azevedo, também aumentou bastante depois do Plano Real, contribuindo para este resultado. Azevedo diz que o custo médio de produção de um hectare de pêssegos irrigados é de R$ 3.000, mas os associados da cooperativa conseguiram embolsar este ano entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por hectare com a venda das frutas. O intervalo de mais de 70 dias entre a entrada da safra paulista e a do sul do país no mercado interno também explica a rentabilidade. "Neste período, quase todo o pêssego vendido no Brasil fica concentrado na nossa região", afirma o gerente. Para agilizar a comercialização do produto, que é extremamente perecível, e eliminar os intermediários, os técnicos pinçaram uma idéia que havia sido bem-sucedida no setor de flores: os leilões pelo sistema "veiling". "A experiência foi um sucesso. Vieram compradores de Brasília, de Cascavel, de Curitiba etc". Os fruticultores paulistas conseguem ganhar fôlego, antecipando a colheita, graças à utilização de variedades especialmente desenvolvidas pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Batizadas com nomes bucólicos, como "Ouro Mel" e "Aurora", as plantas exigem cuidados constantes como podas, irrigação, uma boa adubação e manejo integrado de pragas. "Além disto, utilizamos um produto à base de nitrogênio para estimular a brotação, o que permite a homogenização da florada e facilita a colheita e a aplicação de agrotóxicos", diz Bortolatto. Leilões de frutas Mais de 80% do volume total de pêssegos e nectarinas comercializados no país entre setembro e novembro saem dos pomares da região de Paranapanema. Este ano, a Cooperativa Holambra organizou uma série de leilões pelo sistema "veiling" para agilizar a venda do produto. Apesar do nome pomposo, o pregão funciona de forma bastante simples e já havia apresentado bons resultados no setor de flores, onde foi implantado há oito anos. Duas arquibancadas de madeira são colocadas em um dos galpões da própria cooperativa e o leiloeiro apresenta os lotes de frutas aos compradores. Em seguida, ele anuncia o preço máximo e vai reduzindo-o sucessivamente. O primeiro interessado a aceitar o lance, fecha o negócio. "Conseguimos estabelecer uma relação mais próxima entre o produtor e o atacadista, eliminando os intermediários. Hoje, os agricultores acompanham de perto a evolução dos preços e não ficam mais à mercê de informações de terceiros", diz Renato Alves, gerente de comercialização. Segundo ele, 40% da safra foram absorvidas pelos paulistas. O novo sistema permite inclusive que os produtores programem melhor suas colheitas. "Ele sabe de antemão quando o mercado está mais favorável e organiza suas atividades em função disso", afirma Alves. Nos leilões da cooperativa foram comercializadas em média 60 t de frutas por dia. Texto Anterior: Calor e umidade favorecem desenvolvimento das plantas Próximo Texto: Cooperativa reduz perdas Índice |
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