São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Advogado defendeu Doca Street

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

Para defender o ex-presidente Fernando Collor de Mello em um dos mais importantes processos da história do país, o advogado Evaristo de Moraes Filho deverá receber menos de R$ 500 mil.
A informação é do advogado criminalista George Tavares, 60, parceiro de Evaristo em grandes processos há 30 anos. "Tenho certeza que os honorários dele não chegaram a isso", disse Tavares.
Tavares e Evaristo atuaram juntos em processos de repercussão como o de Doca Street, que conseguiram condenar em 1976 por ter matado a mulher, Ângela Diniz.
Os dois absolveram o juiz Jacy Nunes Miranda da acusação de assassinato do advogado Mendes de Moraes, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Evaristo trabalhou também como advogado da Bolsa de Valores de São Paulo no caso Naji Nahas.
Socialista como seu pai, Evaristo atuou na defesa de presos políticos, entre eles Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, José Serra, Fernando Gabeira, Marcello Alencar e o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso.
Evaristo é professor de direito penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro e torcedor fanático do Fluminense.
"O Evaristo disse que ia cobrar do Collor como se fosse o cliente mais normal do mundo", afirmou Tavares.
Segundo o colega, Evaristo "não cobrou em excesso para não dizerem que foi movido pela cupidez nem cobrou um valor baixo demais porque tinha condições de receber condignamente".
O pagamento dos honorários, segundo Tavares, está sendo feito por amigos do ex-presidente Collor, "tudo acertado em contratos corretíssimos, incluindo o pagamento de impostos".
O criminalista Felipe Amodeo, 42, considerado um dos advogados mais caros do país, afirma que R$ 500 mil em uma causa criminal importante "não é uma soma extravagante".
Segundo Amodeo, os dois itens que mais influenciam o valor dos honorários são o tempo de dedicação ao processo e o "conflito de defesa".
O "conflito de defesa" é medido pela clientela potencial que o advogado é impedido de defender por estar envolvido com determinado cliente.

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