São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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1.500 militares ocupam morros e cemitério

FERNANDA DA ESCÓSSIA*

FERNANDA DA ESCÓSSIA; WAGNER MATHEUS
DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 1.500 homens do Exército e da Polícia Militar cercaram e ocuparam ontem o conjunto de morros do Complexo de São Carlos, no Estácio (zona norte).
Os soldados ocuparam até o cemitério do Catumbi, cuja saída dos fundos dá para o morro da Mineira, um dos quatro do Complexo.
Também foram bloqueadas as entradas dos morros de São Carlos, Querosene e Zinco. A operação começou às 5h. No cemitério, os enterros e visitas continuaram normalmente, mas sob guarda de pelo menos 50 soldados.
"Achei até bom, porque pelo menos a gente não fica visitando os mortos com as balas cruzando o cemitério", disse Antônio Gonçalves da Luz, quando saía do enterro de sua mãe.
Três refugiados angolanos foram detidos quando passavam pela rua Frei Caneca, próximo ao morro de São Carlos.
Jaime Manuel Paulo, João Antônio Ferraz e Paulo Ginga tinham documentos de identificação fornecidos pela Cáritas Arquidiocesana do Rio –responsável pelo programa de refugiados– indicando sua condição de estrangeiros.
Os soldados não aceitaram as identificações dos três. Eles foram levados ao prédio da Light, que servia de base para as tropas.
A assistente social da Cáritas Arquidiocesana, Heloísa Nunes, informou que os três moram no morro de São Carlos. Segundo ela, eles foram liberados à tarde.
Participaram da operação o 1º e o 3º Batalhões de Infantaria Motorizada do Exército, tropas dos Batalhões de Choque e de Operações Especiais da PM e policiais civis da 52ª e da 64ª Delegacias (de Nova Iguaçu e São João de Meriti, na Baixada Fluminense).
*Colaborou WAGNER MATHEUS, free-lance para a Folha

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