São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Malan descarta via da recessão

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

A prioridade no combate à inflação não é incompatível com o relançamento da economia e o governo já busca formas de flexibilizar o arrocho monetário imposto sobre o sistema financeiro desde o início do Plano Real, disse ontem em São Paulo o presidente do Banco Central e futuro ministro da Fazenda, Pedro Malan.
"Estamos empenhados num processo de combate à inflação ao mesmo tempo em que criamos condições para a retomada do crescimento e do investimento", afirmou Malan, durante solenidade de posse da nova diretoria da Associação Brasileira de Bancos Comerciais e Múltiplos (ABBC), no Hotel Transamérica.
Ele descartou a hipótese de recessão, afirmando que "é um equívoco achar que a prioridade do combate à inflação é incompatível com o relançamento da economia", lembrando que o mesmo erro foi cometido há seis meses por alguns alguns empresários e economistas que previam um impacto recessivo do Plano Real.
Malan reiterou declarações feitas há uma semana pelo diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura. Este havia dito que a circular 2.511 era a última medida de aperto na liquidez do sistema financeiro e que a partir de janeiro, dependendo do comportamento da inflação, o controle monetário seria afrouxado.
Ontem, depois de confirmar que o governo estuda formas de flexibilizar o arrocho de forma gradual e programada, Malan advertiu: "Mas não esperem nada de dramático para os dias de Natal, reveillon ou 1º de janeiro".
"A intensidade, a data e o cronograma da flexibilização não serão anunciados", completou ele.
O presidente da ABBC, Antonio Hermann Dias Menezes de Azevedo, reconduzido ao cargo para o biênio 95/96, disse esperar que o compulsório de 15% sobre as operações de crédito seja afrouxado "já em janeiro".
O futuro ministro da Fazenda reiterou que não haverá pacotes com grandes mudanças na economia nos próximos meses e garantiu que "quem apostar nisso vai se dar mal". Ele respondeu a uma única pergunta dos jornalistas na área do câmbio, afirmando: "Não haverá conversibilidade do real".
Malan queixou-se das críticas que recebeu na imprensa por ter, nas duas aparições públicas anteriores –em Nova York e em São Paulo– repetido basicamente o mesmo discurso em torno das cinco prioridades do governo FHC: combate à inflação, reformas fiscal e administrativa do Estado, redução dos custos de produção no Brasil, regime monetário e cambial, resistir à reindexação e desindexar a economia.

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