São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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FHC escolhe José Serra para chefiar Planejamento

JOSIAS DE SOUZA; GABRIELA WOLTHERS; DANIEL BRAMATTI

PMDB não quer futura pasta da Justiça e deseja cargos mais influentes
JOSIAS DE SOUZA
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
O economista José Serra (PSDB-SP) será o ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique Cardoso. Convidado, o senador aceitou o posto.
A partir de 1º de janeiro, ele dividirá o comando da economia com Pedro Malan, escolhido ministro da Fazenda.
No Brasil dos últimos anos, as divergências entre titulares das pastas da Fazenda e do Planejamento têm se constituído num eterno problema.
Fernando Henrique crê que a dificuldade não se repetirá com Serra e Malan. Embora de temperamentos distintos -o de Serra é mais forte-, os dois futuros ministros têm grande afinidade.
Serra também se dá com o resto da equipe que formulou o Plano Real e que será mantida pelo presidente eleito no futuro governo.
Fernando Henrique tinha outras duas alternativas para a vaga do Planejamento, agora afastadas: Paulo Renato de Souza, coordenador de sua equipe de transição, e Clóvis Carvalho, atual secretário-executivo da Fazenda.
Ambos continuam sendo nomes certos para a equipe do próximo governo. O economista Paulo Renato será ministro. É mais provável que venha a chefiar a pasta da Educação. Outra possibilidade é ir para o Ministério da Indústria e Comércio.
Clóvis deve assessorar diretamente a Fernando Henrique, no Palácio do Planalto.
Com a definição de Serra, os tucanos avaliam que têm condições de deslanchar a composição de todo o governo. A expectativa é de que feche a equipe até o próximo final de semana.
PMDB
Ontem, o PMDB deixou claro ao presidente eleito que a indicação do deputado Nelson Jobim (PMDB-RS) para o Ministério da Justiça não faz parte da cota que o partido reivindica no primeiro escalão do futuro governo.
Já está acertado que o PMDB terá dois ministérios no governo FHC. Ao invés da Justiça, o partido prefere fazer lobby para conseguir pastas que ele considera mais influentes.
Quatro ministérios estão na mira dos peemedebistas –Minas e Energia, Agricultura, Indústria e Comércio e Transportes. O objetivo do partido é obter o controle de duas destas pastas e, com isso, participar do centro das decisões do futuro governo.
Ao colocar como uma das opções o Ministério dos Transportes, o PMDB pode acabar se chocando com um dos principais caciques do PFL, o senador eleito Antônio Carlos Magalhães, que indicou Raimundo Brito, seu ex-secretário de Transportes, para o cargo.
Com o aval de FHC, o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, se reuniu ontem à tarde com o presidente do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), para saber qual seria a reação do partido caso Nelson Jobim fosse indicado para a Justiça.
Sem impor o veto, Luiz Henrique afirmou que Jobim tem estatura para ocupar o cargo, mas que não é um parlamentar que representa o partido. Ou seja, FHC pode até indicá-lo, desde que isso não signifique que uma vaga do partido foi preenchida.
Jobim também era cotado para o Ministério das Relações Exteriores. O senador José Fogaça (RS) poderá ocupar o Ministério da Agricultura, no lugar de Odacir Klein, também do PMDB gaúcho.
Outro peemedebista cotado ontem para ocupar um ministério era o deputado Michel Temer (SP), para a Justiça. Mas havia restrições a ele no PSDB.
Agora FHC tem mais uma equação para resolver na montagem de seu primeiro escalão. Se nomear Jobim, o PMDB pode ficar com três pastas, o que desagradaria o PFL.
Os pefelistas, que estão ao lado de FHC desde o início da campanha, também têm garantidos dois ministérios. Para a Previdência, já está garantida a vaga do deputado Reinhold Stephanes (PR).

Colaboraram GABRIELA WOLTHERS e DANIEL BRAMATTI, da Sucursal de Brasília, e EMANUEL NERI, da Reportagem Local

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