São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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Ocupação desordenada e consumo de caranguejo ameaçam mangues em SE

EUGÊNIO NASCIMENTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARACAJU

A ocupação desordenada e a captura maciça de caranguejos estão ameaçando os manguezais na costa de Sergipe. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) afirma que está havendo destruição das áreas de mangue e tenta realizar uma ação educativa junto às populações envolvidas.
Largas áreas de manguezais foram aterradas nos últimos anos para a construção de casas populares ou foram ocupadas por invasores, que promoveram aterros e instalaram barracos nos locais.
"A situação é hoje preocupante, principalmente em Aracaju, onde pessoas pobres ocupam os manguezais para morar ou para vender", afirmou o superintendente do Ibama, Edvaldo Rosas.
"Estamos agindo com bastante rigidez em relação às invasões. Mas a situação é de difícil controle, pois retiramos os invasores num dia e no dia seguinte eles estão de volta", declarou. Os mangues constam como área de "preservação" nas constituições federal e estadual de Sergipe.
Nas áreas já atingidas, o Ibama está promovendo um replantio. O superintendente do Ibama afirma que é difícil fiscalizar os manguezais. "Contamos com apenas 15 fiscais para atuar na preservação das dunas da orla marítima e das tartarugas marinhas, evitar desmatamentos e proteger as margens dos rios", afirmou.
Semanalmente, são retirados dos manguezais de Sergipe cerca de 200 mil caranguejos para o mercado consumidor em Sergipe, Alagoas e Bahia.
O caranguejo é consumido mais intensamente nos fins-de-semana nas praias de Aracaju, acompanhado de cerveja. Segundo o Ibama, cerca de 50 mil caranguejos são consumidos por semana nos bares da cidade."O consumo é grande. A população local e os turistas gostam do caranguejo, que é uma importante fonte de renda para 15 mil famílias", disse Rosas.
Só é permitida a comercialização do caranguejo cuja carapaça tenha pelo menos cinco centímetros. Mas a determinação nem sempre é respeitada. "Não temos como controlar", afirmou.

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