São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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Secretários da Segurança e da Justiça discutem a ação no Rio

DA REPORTAGEM LOCAL

Os secretários da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Corrêa Meyer, e da Justiça do Rio de Janeiro, Arthur Lavigne, participaram anteontem à noite de um debate sobre a ação das Forças Armadas no Rio.
O debate aconteceu na Associação do Advogados do Estado de São Paulo. Cerca de 90 pessoas compareceram ao auditório da associação, que tem capacidade para 185 pessoas.
A mesa foi presidida por Meyer e pelo juiz Luiz Flávio Gomes, do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo. Além dos secretários, também debateram a questão os advogados José Carlos Dias, Rubens Aprobato Machado, Belisário dos Santos Junior e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.
A maioria dos debatedores reconheceu a necessidade de se garantir a segurança pública no Rio, mas se disseram preocupados com o uso das Forças Armadas para essa tarefa. Só Aprobato Machado defendeu a ação do Exército.
Meyer afirmou que, a princípio, o Exército não deve interferir na segurança pública. "A ação no Rio deve ser acompanhada de investimentos nesse Estado para a criação de empregos."
Aprobato Machado defendeu a ação do Exército como necessária em face à paranóia de segurança que estaria sendo vivida no Rio de Janeiro. "Não me sinto seguro andando na avenida Atlântica."
Lavigne respondeu que esse pânico é injustificado. Segundo ele, a falência das políticas de segurança pública no Brasil levou a sociedade civil a apelar aos militares.
"O problema do Rio não é apenas desse Estado, mas do Brasil. A intervenção do Exército no Rio é perigosa, é um precedente grave quando estamos consolidando a democracia", disse José Carlos Dias.
Mariz de Oliveira concordou com Dias sobre o perigo que representa o precedente da intervenção do Exército na Segurança Pública carioca. "Essa medida deve ser encarada como excepcional."
Outro que disse temer a ação das Forças Armadas foi o advogado Belisário dos Santos Junior. "Poderiam ter usado o Exército para serviços comunitários."
Lavigne encerrou o debate dizendo que o Exército está "enxugando gelo" no Rio, pois os traficantes não enfrentam os militares quando há operações nos morros.

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