São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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O anti-Getúlio

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito mais do que "o fim da transição", o discurso de Fernando Henrique anunciou ontem "o fim da era Vargas". Nos telejornais, nos flashes, o candidato a estadista desenhou o personagem que imagina para si mesmo, na história.
Não mais o velho inimigo do regime militar, "uma página virada", mas o anti-Getúlio.
O pai dos pobres levou de todo lado. "Resta um pedaço do nosso passado político que atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. O legado da era Vargas."
Getúlio respondeu por tudo, no Brasil recente:
– Atravessamos a década de 80 às cegas, sem perceber que os problemas conjunturais que nos atormentavam mascaravam o esgotamento estrutural do modelo varguista.
O eleito falou em "acabar" com a "visão antiquada", em "remoção do entulho do velho modelo", em "desmontagem" dos "nós que atam o Estado à herança do velho modelo".
Quanto às prioridades sociais, aquelas da campanha eleitoral, quase nada.
Mulheres e crianças
A cena da mãe apanhando da polícia, com o filho de um ano no colo, aos berros, é das que ficam, ecoam. A criança surgiu depois no SBT, com o rosto machucado porque "bateu com a cabeça na grade".
Não parou nisso o ataque ao conjunto habitacional, depois que o "governo estadual pediu restituição de posse".
Para ver a quantas anda a compaixão dos governantes.

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