São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presos se rebelam em Guarulhos

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os detentos da Penitenciária de Guarulhos (Grande SP) se rebelaram ontem por mais de oito horas. Segundo a PM, eles fizeram 18 agentes penitenciários como reféns.
A rebelião começou às 10h e terminou por volta de 18h30, quando os 18 reféns foram libertados e os presos retornaram para as celas.
Nas negociações para o fim da rebelião, os presos pediram assistência judiciária gratuita e melhores condições de trabalho nas oficinas do presídio.
A Penitenciária de Guarulhos é considerada de segurança máxima. O presídio foi inaugurado há quatro anos. Conta com três pavilhões de celas e dois de serviços e reúne atualmente 766 presos.
Os presos atearam fogo em celas, colchões, na enfermaria e em uma das oficinas. Pelo menos um preso ficou ferido quando tentava pular uma cerca de arame farpado para fugir.
A rebelião teria começado no pavilhão 3. No início, os detentos reuniram os reféns no pátio.
Eles teriam agredido os agentes penitenciários. Armados com estiletes e barras de ferro, os presos dominaram o corredor entre os pavilhões.
Cerca de 20 minutos após o início da rebelião, a PM reforçou o policiamento em volta do presídio. Um helicóptero da polícia sobrevoou o pátio, fazendo com que parte dos presos voltassem para as celas.
O juiz-corregedor dos Presídios de São Paulo, Ivo de Almeida, chegou à Penitenciária de Guarulhos às 11h30. A presença de Almeida foi exigida pelos presos.
As tentativas de negociação com os detentos só foi iniciada cerca de uma hora depois, após a chegada do secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto.
Almeida, Ferreira e a direção do presídio tentaram negociar com os presos durante a tarde.
No início da tarde, os presos escreveram uma frase no pátio: "Queremos direitos humanos".
Somente às 16h os presos formaram uma comissão de seis detentos, segundo o coronel Carlos Alberto da Costa, 49, comandante da PM na região de Guarulhos.
Segundo a direção do presídio, no mínimo 300 detentos continuavam participando da rebelião às 17h. Cerca de 20 familiares de presos acompanhavam a movimentação dos policiais.
O 3º Batalhão de Choque da PM ficou de prontidão durante toda a tarde. Um carro blindado Centurion, usado para conter distúrbios, e helicópteros estavam sendo usados pelos policiais.

Texto Anterior: Costinha é internado em hospital de SP; 2,5; Divisão apura crimes de trânsito em SP; Assaltantes fazem médico como refém
Próximo Texto: Porto Alegre pode ter racionamento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.