São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Índice

Mostra traz evolução da cadeira brasileira

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A peça de resistência dos designers, a cadeira, é o tema da exposição que abriu segunda-feira no Museu da Casa Brasileira.
"Cadeiras Brasileiras" mapeia a produção nacional desde o século 19 –quando as peças eram artesanais, copiadas do mobiliário europeu e voltadas para uma elite envergonhada de morar no país– até os objetos contemporâneos industrializados.
Os curadores da exposição, Adélia Borges e Guinter Parschalk, montaram a mostra em cinco módulos que retratam fases da produção nacional: a histórica, a dos pioneiros, a dos contemporâneos, a das premiadas e a das cadeiras anônimas.
O primeiro, que vai até o início deste século, reúne as cadeiras "esculpidas" e destinadas para os ocupantes da alta hierarquia do clero e do governo brasileiro. Um detalhe: até os primeiros anos deste século, a cadeira não era tida como um objeto doméstico, mas como símbolo de poder.
Para Adélia Borges, cadeira é a peça do mobiliário que melhor incorpora a noção do poder.
"O trono é uma cadeira. O juiz abre e fecha uma sessão se levantando da cadeira. Em inglês, o presidente de uma empresa é o 'homem-cadeira', o 'chair man'. Até o Fantasma, aquele personagem dos quadrinhos, tem no meio da selva, para representar seu poder, uma cadeira", diz a curadora.
Outro motivo que faz da cadeira a estrela dessa exposição é o fato de os principais designers e arquitetos do Brasil terem projetado pelo menos uma em suas carreiras.
Como diz Adélia, as sementes da produção nacional foram lançadas pelo português radicado no Brasil Joaquim Tenreiro ("pai do mobiliário brasileiro"). Ele fez cadeiras para projetos de Oscar Niemeyer, nos anos 40, rompendo com o estilismo dos anos 40, ou seja, introduzindo leveza (palha) e madeiras brasileiras nas peças.
Nesta mesma época, em 1947, a arquiteta Lina Bo Bardi pilotou por três anos o Studio de Arte Palma, montado inicialmente para produzir os móveis do recém-fundado Masp (Museu de Arte de São Paulo) que Assis Chateaubriand estava montando na rua Sete de Abril (região central).
Ainda no módulo dos pioneiros, que vai dos anos 40 até os 70, estão expostas cadeiras de Lasar Segall, Geraldo de Barros, Flávio de Carvalho, Sérgio Rodrigues e as populares de Zanine Caldas, feitas em série com compensado.

Mostra: Cadeiras Brasileiras
Onde: Museu da Casa Brasileira (av. Faria Lima, 774, Pinheiros)
Quando: até 31 de janeiro

Texto Anterior: Denise Stoklos retorna com 'Mary Stuart'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.