São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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Tribunal decreta falência de Tapie

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

O Tribunal de Comércio de Paris decretou ontem a falência pessoal do deputado e empresário Bernard Tapie e de sua mulher, Dominique.
Com isso, Tapie perde seus mandatos de deputado francês e europeu e fica inelegível durante cinco anos. Ele decidiu recorrer.
"O governo caiu a seu nível mais baixo ao tentar eliminar um adversário que tem problemas com seu banco em um litígio privado", reagiu ele.
Tapie afirmou que vai continuar lutando para que o premiê Edouard Balladur "não chegue ao Eliseu", o palácio presidencial.
O banco Crédit Lyonnais, seu maior credor, anunciou que perde mais de US$ 180 milhões com a decisão judicial, já que Tapie não poderá pagar suas dívidas.
Tapie foi pego por um detalhe da lei: como detinha pessoalmente a propriedade de suas empresas, a falência de seu grupo significa sua falência pessoal.
Filiado ao partido Radical, de esquerda, ele era candidato à Prefeitura de Marselha e, eventualmente, à Presidência da França em 1995. Seu futuro político depende da aceitação do recurso.
Ele terá um peso importante na eleição do ano que vem: sua chapa teve 12% dos votos na eleição deste ano para o Parlamento Europeu. Por isso, há quem pense que a decisão do tribunal foi política.
Na véspera, Tapie dera uma entrevista à TV pedindo a união da esquerda na eleição presidencial.
Jean-François Hory, presidente do partido Radical, comentou que "o poder da direita quer eliminar um dirigente da oposição".
O presidente do Senado, René Monory, ironizou a derrota de Tapie: "Não há razão para que a Justiça seja diferente com ele. É difícil viver sempre a crédito."
O tribunal decretou ainda a falência de duas empresas do empresário e cancelou um leilão, marcado para hoje, em que sua mansão em Paris seria vendida.
Tapie, 51, foi o modelo de ascensão na política e nos negócios nos anos 80. Ele fez de tudo um pouco na juventude; chegou a gravar três discos de iê-iê-iê nos anos 60, com certo sucesso.
No final dos anos 70, começou a progredir como homem de negócios, comprando empresas em dificuldades financeiras e formando seu próprio grupo empresarial.
Tapie também conheceu o sucesso na política (foi ministro do Planejamento Urbano nos gabinetes Michel Rocard e Pierre Bérégovoy) e no futebol (como presidente do Olympique de Marselha, levou o clube ao título europeu em 1993).
Em seguida, porém, tudo começou a ruir: endividado e acusado de fraude fiscal, teve sua imunidade parlamentar retirada em junho.
No futebol, o Olympique foi acusado de suborno no Campeonato Francês. Por causa disso, Tapie teve que deixar esta semana a presidência do clube.

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