São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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O julgamento dos poderosos; China emergente; Não fotografo nua; Weffort, traidor do PT; Acusações indevidas

O julgamento dos poderosos
"Devo discordar das colocações que foram postas no artigo 'O STF está certo', de Gilberto Dimenstein (13/12). Quem conhece o Supremo a partir de suas estruturas sabe que não se trata, rigorosamente, de uma corte técnica, porquanto, como pretório de instância originária para conflitos qualificados e dada a sua função de dirimir questões constitucionais, tem missão de poder moderador em todos os embates que envolvem emblematicamente as instituições, precisamente para evitar rupturas sociais que poderiam trazer desequilíbrios danosos à nação. No que concerne ao último julgamento, verifica-se que o STF optou pela saída mais simples e fácil, com fortes visos casuísticos, pois mesmo que se admitisse a desclassificação das provas gravadas, de conhecimento notório pelo desenrolar do processo de impeachment, poderia, pelo menos, resguardar-se desse declínio conceitual de que será certamente alvo, como ocorreu historicamente com o famoso julgamento da urna marajoara do governador Adhemar de Barros, que, não condenado por falta de provas, recebeu de qualquer maneira na declaração sentencial a pecha de 'improbus administrator', ao passo que, em relação a Collor, com todas evidências consolidadas no inquérito promovido pelo Ministério Público, passa simplesmente à categoria de inocente e injustiçado. Considero, assim, a decisão do Supremo triste episódio da história jurisprudencial e, certamente, abrirá caminhos auspiciosos para diferentes modalidades criminosas praticadas pelos poderosos."
Irineu Strenger, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

"Cumprimento Gilberto Dimenstein pelo artigo 'O STF está certo'. Impressionou-me sua lucidez, independência e capacidade de percepção de uma realidade que muitos não conhecem ou não querem conhecer. Também não estou pessimista. A mudança para melhor pode ser lenta, mas irreversível."
Moacir Danilo Rodrigues, presidente do Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, RS)

"Enquanto perdurarem o sigilo bancário total e o jogo a dinheiro, o crime organizado no Brasil continuará atuando livremente: dinheiros sujos são laváveis e transferíveis ilimitadamente. Apenas em sonegações fiscais são roubados cerca de US$ 100 bilhões sem qualquer chance de se localizarem os culpados. Não há limites para propinas, caixas dois e operações internacionais. O jogo e o sigilo bancário total garantirão, com ou sem o STF, um futuro colorido para a elite econômica brasileira e triste e sombrio para a população trabalhadora."
Otaviano Helene, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

"Se não existem provas contra corruptos e corruptores, então os 'caras-pintadas' cometeram crime de calúnia, difamação e arruaça. Nesse caso, é óbvio, não faltarão provas..."
Ademir A. G. Soares (Santos, SP)

"PC foi condenado! Deus está no céu, tudo vai bem pelo mundo! Ninguém segura este país! Ainda não foi dessa vez que comprovamos 'a incompetência da América católica'!"
Neide Dezotti (São Paulo, SP)

"Não teria o sr. Collor cometido o crime de concussão, artigo 316 do Código Penal? Configura o delito 'exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida'."
José Ferreira da Rocha (Belo Horizonte, MG)

"O procurador Junqueira, depois da derrota de sua balofa denúncia, deve pendurar as chuteiras e não continuar a procurar chifre em cabeça de cavalo contra Collor. Anistia para Collor deve ser a decisão do Congresso para redimir-se do erro praticado."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

"Os sábios do Olimpo, donos da suprema justiça, do alto da elevada ética que os simples mortais não alcançam, sentenciam: 'Povo maldito! Expulsou da Presidência da República seu grande salvador, honesto e inocente."
Orlei José Laurindo (Curitiba, PR)

"O Brasil não tem memória. Este jargão se confirma novamente."
Edson Esposito (Marília, SP)

"O julgamento após as eleições só poderia acabar em absolvição."
Welington Vairo (São Paulo, SP)

"A querela talvez pudesse ter sido dirimida por uma reprimenda pública ao procurador-geral da República por sua eventual incompetência, e não pela absolvição do verdadeiro réu."
Fernando Salinas Lacorte (Rio de Janeiro, RJ)

"Infeliz é o país em que o Ser Supremo leva Ayrton Senna e Tom Jobim e o Supremo ressuscita Collor."
Lindenberg Pessoa de Assis (Osasco, SP)

"Nossos pêsames ao STF."
Sérgio José Custódio (Campinas, SP)

China emergente
"No seu artigo 'Liberais são novos xiitas' (edição de 8/12), Otavio Frias Filho fala do desaparecimento do mundo soviético e suas áreas de influência, esquecendo, assim como outros analistas também já fizeram, da China comunista, que nem sequer é mencionada e que talvez hoje seja a maior potência emergente deste planeta."
Wolfgang Kiefer (São Paulo, SP)

Não fotografo nua
"Venho protestar contra o título da matéria 'Garotas se despem para mostrar que cresceram' (edição de 11/12). Meu protesto deve-se ao fato de que não fotografei nua para nenhuma publicação. Portanto fui indevidamente colocada ao lado da atriz Patricia Lucchesi e da cantora Simony para compor o título da matéria, uma vez que as duas fotografaram para a revista 'Playboy'. A decisão de não fotografar nua é para mim da maior seriedade, como deve ter sido séria e bem analisada a decisão da Simony e da Patricia Lucchesi de posarem nuas. Minha decisão está comprometida com uma proposta de trabalho que venho desenvolvendo há 12 anos e em que não cabe este tipo de promoção. Uma decisão que quero ver respeitada, como é respeitada a decisão de algumas atrizes e cantoras que fotografaram nuas."
Patricia Marx, cantora (São Paulo, SP)

Weffort, traidor do PT
"'Feitas as contas, esses 0,2% (do Orçamento) devem equivaler a 30 dinheiros', frase de Carlos Heitor Cony na Folha de 9/12 a respeito de Weffort ser ministro da Cultura. Que saiam todos os ratos traidores do PT."
Ruy Molina (São Paulo, SP)

Acusações indevidas
"Estamos enviando xerox de 17 folhas, contendo mais de cem assinaturas, que atestam a minha idoneidade moral e confirmam o meu trabalho em benefício de nossa comunidade. Tal abaixo-assinado e os meus trabalhos em benefício de mais de 1.000 famílias das regiões dos bairros Cota 95, Pinheiro da Miranda e Fabril rechaçam as acusações indevidas divulgadas por esse conceituado jornal no dia 10/11, em que o coronel da PM Avivaldi Nogueira Junior, muito mal-informado, envolveu-me em nota desse jornal."
Amauri José Leme, presidente da Sociedade de Amigos dos Bairros Pinheiros da Miranda e da Fabril (Cubatão, SP)

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