São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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MIS prepara programação especial para 95

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Para comemorar 25 anos de existência, em 1995, o MIS (Museu da Imagem e do Som) preparou uma ambiciosa programação, voltada ao público externo.
A idéia é dar continuidade aos projetos que marcaram as atividades do museu paulista nos últimos anos (como o Eurocine, que no ano que vem terá sua terceira edição) e acrescentar-lhes mais alguns.
O principal deles, no setor cinema, é o ciclo "Cahiers du Cinéma - 40 Anos". É uma mostra itinerante que vem sendo exibida desde 1992 e aporta em São Paulo no dia 21 de março. Até 26 desse mês serão exibidos alguns "invisíveis" de primeira linha: "French Cancan", de Jean Renoir, "Paris Nous Appartient", de Jacques Rivette, "Minha Noite com Ela", de Eric Rohmer, por exemplo.
Outros são menos raros, mas nem por isso menos interessantes, casos de "Acossado", de Jean-Luc Godard, "Os Incompreendidos", de François Truffaut, "Lola", de Jacques Demy, "Lola Montès", de Max Ophuls, "Nas Garras do Vício", de Claude Chabrol.
Juntando tudo, a mostra traz um painel admirável da primeira Nouvelle Vague e dos filmes que a turma dos "jovens turcos" da revista elegeu como seus precursores.
Mas a idéia mais audaciosa –e a mais importante– do MIS para 95 é a série "Os Esquecidos". Os filmes ainda estão sendo selecionados. Os quatro títulos confirmados oferecem, só eles, oportunidade de reavaliar a história do cinema brasileiro.
"Agulha no Palheiro", de Alex Viany (1952), é considerado um dos primeiros filmes a refletir a influência do neo-realismo no Brasil. "Cara de Fogo" (1957) e "O Pornógrafo" (1970) estão no mesmo caso: lançaram os diretores Galileu Garcia e João Callegaro, respectivamente, como esperanças do cinema brasileiro. Ambos foram ganhar a vida –com sucesso, diga-se– no cinema publicitário.
Há, por fim, "Iracema, uma Transa Amazônica", de Jorge Bodansky e Orlando Senna (1974), mistura feliz de documentário e ficção (em torno da estrada Transamazônica) que até hoje mantém seu interesse, seja pela dimensão histórica, seja pela felicidade da narrativa.
Algumas das mostras ainda não têm programação fechada, como "Gaumont, 100 Anos", que acontece entre 9 e 12 de março com cinejornais e filmes produzidos pela companhia francesa, o 3º Eurocine (de 21 de novembro a 3 de dezembro), que comemora os cem anos de cinema, ou o 6º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (de 24 de agosto a 3 de setembro).
Também não estão definidos os eventos multimídia, como o European Media Arts Festival 1995 (23 de setembro a 1º de outubro). Está certo, porém, que o MIS exibirá uma seleção do que este festival europeu mostrar em 95: filmes, vídeos, performances e instalações.
No mesmo caso está "Pós-Cinema" (de 5 a 9 de julho), que traz novas tecnologias no audiovisual (TV interativa, TV de alta definição etc.).
No setor fotografia, está confirmada a presença dos trabalhos do suíço Robert Frank na segunda edição do Mês Internacional da Fotografia (em maio).
No segundo semestre, vem a exposição "José Oiticica Filho", com o trabalho desenvolvido nos anos 40 e 50 pelo fotógrafo (pai do artista plástico Hélio Oiticica).
Ao lado dessas mostras especiais (e de outras, como a restrospectiva dedicada aos cineastas britânicos Derek Jarman e Mike Leigh), o MIS continuará a desenvolver seus projetos permanentes ("Cinema Cultural Paulista" é o mais conhecido deles). E conclui em 95 o "Cinema no Século" (série de palestras organizadas por Ismail Xavier, professor da ECA/USP). O conjunto do ciclo, iniciado este ano, será publicado em livro no final do ano que vem. (IA)

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