São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994 |
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Carter anuncia cessar-fogo na Bósnia
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O governo Clinton reagiu com ceticismo à possibilidade de êxito do processo desencadeado por Carter. Vários assessores ressaltaram que o líder dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, já descumpriu muitas promessas. Antes do anúncio do cessar-fogo, Carter havia provocado reação dura da porta-voz da Casa Branca aos seus comentários de que os americanos só têm recebido uma versão da guerra na ex-Iugoslávia. Eu acho que o povo americano tem tido a oportunidade de ver o que acontece, de ver os dois lados da história e sabe que os sérvios na Bósnia são os agressores nesta guerra, afirmou Dee Dee Myers. Desentendimentos entre Carter e Clinton têm sido frequentes este ano. Quando o ex-presidente anunciou que a Coréia do Norte estava disposta a negociar um acordo nuclear, Clinton disse que estava sendo otimista demais. No Haiti, Carter classificou o embargo comercial norte-americano contra o país de desumano. Clinton ordenou ataque contra o Haiti quando Carter ainda estava negociando com os líderes militares haitianos. Apesar das desavenças, os dois mantêm tratamento cordial em público e Clinton continua autorizando iniciativas diplomáticas de Carter, embora provoquem mal-estar no Departamento de Estado. Os elogios de Carter ao compromisso dos sérvios a um acordo de paz e sobre como o papel dos sérvios na guerra tem sido mal entendido causaram desagrado também entre os bósnios. O vice-presidente da Bósnia-Herzegóvina, Ejup Ganic, disse que Carter estava colocando em risco sua reputação de defensor dos direitos humanos. O ex-presidente voltou ontem a Sarajevo para mais conversas com os bósnios. A guerra na Bósnia-Herzegóvina já dura três anos, desde que o país declarou independência sob um governo liderado por muçulmanos em 1991. Muçulmanos, sérvios e croatas guerrearam até julho deste ano, quando croatas e bósnios assinaram acordo de paz. Mais de 70% do território bósnio está sob controle dos sérvios. A capital, Sarajevo, está cercada por sérvios. Texto Anterior: Guerrilha declara fim da trégua no México Próximo Texto: ONU denuncia 'limpeza étnica' Índice |
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