São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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Muylaert quer acabar com a 'era telecurso'

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro secretário nacional de comunicação social, Roberto Muylaert, 59, pretende encerrar a "era telecurso" nas chamadas TVs educativas, que passariam a seguir o modelo da TV Cultura.
Muylaert promete criar uma rede via satélite com programas educativos que entrem diretamente nas escolas do país.
Além das TVs educativas, ele vai dirigir a assessoria de imprensa do Planalto, a publicidade do governo e a Radiobrás.
Pergunta - O sr. vai cuidar da imagem do futuro governo. Qual será o tom da propaganda?
Muylaert - Mostrar com transparência o que for feito. Antigamente, achava que governo bom não precisava de propaganda. Hoje, acho que governo bom precisa contar o que está fazendo.
Pergunta – No governo Collor, houve marketing pesado com a figura do presidente...
Muylaert - Esse não é o caso. A característica desse governo será de modernidade no melhor sentido da palavra, não de exibicionismo.
Pergunta – Como surgiu a idéia de reunir numa secretaria várias áreas de comunicação?
Muylaert – Na campanha (o Lula ainda estava na frente), fiz um "paper" sobre isso e passei por fax. Separadas (as áreas), fica difícil fazer qualquer coisa.
Pergunta - O projeto prioritário é o de educação à distância. Como isso vai funcionar?
Muylaert – Hoje, é conceito no mundo que educação não se faz mais em "broadcasting". Você não tem uma televisão aberta dando aulas. É ineficaz, desperdício.
Educação à distância é gerar programação (pode ser o aproveitamento de uma porção de coisas que já têm no Brasil, inclusive de fundações privadas) e entrar na escola via satélite. As escolas gravariam e criariam videotecas.
Pergunta – E a implantação?
Muylaert – As escolas, o plano-piloto, isso ainda não está definido. Inicialmente seriam cursos e telecursos para treinar professores.
Pergunta – Pode haver conflito com outros ministérios...
Muylaert – Os limites são claros. A secretaria não tem a pretensão de dar diretrizes educacionais.
Pergunta – O que o sr. vai fazer com as TVs Educativas?
Muylaert – Se esse projeto de educação for implantado, elas devem se tornar TVs públicas.
Pergunta - Nos moldes da TV Cultura, que o sr. dirige, e que está dando certo?
Muylaert – Isso, com uma ressalva. A TV Cultura não será hegemônica. A idéia é fazer experiências por região.
Pergunta – O sr. pretende "enxugar" todo o setor?
Muylaert – Cumpriria bem minha missão se devolvesse uma estrutura menor e mais ágil.

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