São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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Lampreia quer mercado comum

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Escolhido ministro das Relações Exteriores do governo FHC, o embaixador do Brasil junto à ONU na Suíça, Luiz Felipe Lampreia, 53, disse ontem, no Rio de Janeiro, que o Mercosul terá destaque em sua administração.
Ele sugeriu a FHC que o Itamaraty tenha "uma estrutura especial" para cuidar do Mercosul. A seguir, trechos de sua entrevista à Folha, no Rio, onde passa o Natal com a família.
Folha – Como o sr. vê sua indicação?
Luiz Felipe Lampreia – Vejo como uma demonstração de confiança pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso e, sobretudo, de confiança e respeito pela carreira diplomática. Além de tudo, me considero um amigo pessoal, leal e dedicado a ele (FHC).
Folha – O sr. não acha que pegou mal a indicação inicial de Bresser Pereira para ministro das Relações Exteriores. Houve muitas pressões contra?
Lampreia – Não quero comentar isso. E ignoro que tenha havido pressões.
Folha – Sua política será de maior proximidade com os países do Primeiro ou do Terceiro Mundo?
Lampreia – O conceito de Terceiro Mundo já ficou superado. Relevante hoje como categoria operacional é a dos países de economia dinâmica, dos países emergentes, como o Brasil, a Argentina, Chile, México e países da Ásia como a Malásia, Indonésia, Cingapura, Índia, Tailândia.
Esses são nossos parceiros naturais. Temos as mesmas aspirações, e precisamos fazer ouvir nossa voz cada vez mais decisivamente.
Folha – O Brasil deve buscar algum tipo de liderança entre esses países?
Lampreia – A coisa não deve ser formulada em termos de liderança. Deve haver uma atuação conjunta, sem se abstrair a grandeza, o tamanho, o peso do Brasil. O Brasil não pode se fantasiar de pequeno país, de uma região menor no mundo.
Folha – Como o sr. vê o papel do Brasil no Mercosul?
Lampreia – O Mercosul é decisivo para o Brasil, e espero que possa ser a matriz de um espaço integrado sul-americano maior, e eventualmente de um espaço hemisférico maior, de livre comércio, de promoção de bem-estar, de prosperidade.
O Mercosul é nossa primeira realidade, uma prioridade destacadíssima de governo. Sugeri inclusive ao presidente que o Itamaraty tenha uma estrutura especial para cuidar do Mercosul.

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