São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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México libera câmbio e congela preços

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do México suprimiu a banda de flutuação fixada para o peso e decidiu liberar a sua cotação frente ao dólar. A partir de agora o mercado determina o preço da moeda de acordo com a oferta e a demanda. A medida vale até o momento em que o mercado cambial volte à estabilidade.
Depois do anúncio da medida, o novo peso perdeu apenas ontem 31% do seu valor frente ao dólar numa jornada nervosa do mercado –de 4,2 por dólar para 5,50. Desde segunda, o peso se desvalorizou 40%.
O governo também congelou preço, tarifas públicas e privadas e salários pelo período de 60 dias. O objetivo é evitar a especulação e elevação da inflação.
Em comunicado, o governo mexicano reconheceu que a ampliação do teto de desvalorização controlada não deteve o processo especulativo do mercado financeiro.
O plano de emergência foi decretado após reunião na noite de quarta-feira, com todos os setores da economia que integram o chamado "Pacto para o Bem-Estar, Estabilidade e Crescimento" –governo, empresários e sindicatos.
O ministro da Fazenda, Jaime Serra, justificou as medidas pela queda de mais de 50% das reservas cambiais. Segundo informes extra-oficiais, as reservas somam hoje US$ 6,5 bilhões, depois de terem superado os US$ 14 bilhões em outubro –o déficit do balanço de pagamentos no ano atinge US$ 17 bilhões.
Serra anunciou que contará com o sistema de créditos recíprocos que o país tem com os Estados Unidos e Canadá, no valor de US$ 7 bilhões. O fundo faz parte do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, do qual o México faz parte.
Ajuda
Em Washington, o governo norte-americano e a junta do Federal Reserve (banco central) anunciaram que haviam ativado sua parte do fundo –US$ 6 bilhões. Objetivo: evitar que uma desvalorização súbita do peso dê aos produtos mexicanos uma vantagem competitiva no mercado dos EUA.
O secretário do Tesouro, Lloyd Bentsen disse que a decisão de abrir as linhas de créditos foi tomada depois de consultar as autoridades mexicanas.
O governo e os membros do pacto responsabilizaram o clima de violência gerado pela guerrilha no Estado de Chiapas pela desvalorização do peso. Os analistas, no entanto, disseram que há vários meses já haviam advertido as autoridades que o setor externo da economia mostrava sinais vermelhos de alarme.
Entre os fatores, identificaram os elevados déficits na conta corrente e na balança comercial, assim como a dependência de investimentos externos majoritariamente alocados nos mercados especulativos.
Os especialistas afirmam que o plano oficial para acabar com a inflação e ter um crescimento de 4% em 95 não será alcançados.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou manifesto apoiando a decisão do governo mexicano. "A medida é uma resposta apropriada frente aos acontecimentos registrados no mercado mexicano", dizia o comunicado, acrescentando que os ajustes do câmbio, apoiados pela manutenção de uma política monetária sólida contribuirão para fortalecer o crescimento e assegurar a viabilidade do balanço de pagamentos.

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