São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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A esquina errada do PT

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO – O PT está procurando saber onde dobrou a esquina errada na recente campanha eleitoral. Não é difícil localizar essa esquina: o Plano Real. No momento em que Lula tinha 40% de intenções de voto, dois de seus economistas orientaram a campanha petista com dados imediatistas. O eleitorado, através do plano, chegou a Fernando Henrique.
Aloísio Mercadante é moço, parece ter sido essa a primeira pisada na bola. Dona Conceição Tavares é reincidente. No Plano Cruzado, ela fez aquele papelão, debulhando-se em lágrimas porque economistas e governantes medíocres haviam descoberto a pedra filosofal, abolindo a lei da oferta e da procura.
Quando eu soube que dona Conceição condenava o plano, quase passei a defendê-lo com ardor de cruzado que luta pelo túmulo do seu Salvador. Não o fiz porque não sou político nem candidato a nada, a não ser, na devida hora e se a tanto merecer, a dois palmos de terra no chão da minha cidade.
Não posso acreditar que uma fórmula bolada entre quatro paredes suspeitas, trocando alguns nomes e invertendo parcelas, possa gerar a citada pedra filosofal. Como o Brasil é um vasto barracão, o vale que a Casa Grande distribui na Senzala pode ter o valor que quiser por algum tempo. No território da fazenda, o vale pode até valer. Eu acreditarei no real no dia em que, em Roma ou Nova York, quando tomar um cafezinho, aceitarem uma dessas notas rubricadas pelo ex-ministro da Fazenda.
Mercadante e Conceição Tavares estavam comprometidos com o pior dos antolhos: a campanha. Precisavam do fracasso do Plano Real para terem sucesso nas urnas. Se tivessem pensado grande, sem o imediatismo da eleição, teriam de admitir a efêmera eficácia da nova moeda, que só será duradoura se houver reformas. Era fácil prever que FHC não as poderia realizar com a turma que o apoiava e que agora o cerca por todos os lados –como os números favoritos na extração do bicho.

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