São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Quem tem medo dos paulistas

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Nasci e fui criado em São Paulo, onde tenho laços afetivos. Considero, porém, extremamente justa a preocupação expressa das lideranças de outros Estados sobre o número de ministros vindos de São Paulo, conferindo ao novo governo o apelido de "paulistério". Explico melhor.
Em tese, não haveria motivos de temor. O presidente deve escolher os melhores nomes para auxiliá-lo, independente de seu local de nascimento. Pouquíssimos teriam base sólida para dizer que Adib Jatene, Paulo Renato de Souza, José Serra, por exemplo, seriam despreparados para o cargo.
O problema é que, geralmente ( melhor, quase sempre), os ministros têm projetos eleitorais em seu Estado. E, óbvio, tendem a olhar com mais atenção aos pleitos locais. Mas eles apenas serão bons ministros, óbvio, se forem ministros do Brasil.
Se a prioridade nacional é o combate à pobreza, o Norte e o Nordeste são, por consequência, prioridade. Será um crime governar de costas ou indiferente a essa obviedade. Crime e leviandade: as cidades do Sudeste são as que mais sofrem com a pobreza das regiões mais pobres.
Não significa que um ministro por ser do Nordeste será bom para o Nordeste: a maioria deles têm olhado para seu umbigo. Raimundo Brito vai fazer um trabalho ruim se for apenas um ministro da Bahia ou, pior, ministro de Antônio Carlos Magalhães. Ou se Odacir Klein ajudar o Rio Grande do Sul, pensando em seu sonho de virar governador.
O grande problema não é ser paulista, baiano ou mineiro. É ser mau ministro. Como existem mais paulistas, a fiscalização deve ser ainda maior nas verbas que beneficiem São Paulo, um Estado já rico.
PS – Não vai aqui nenhum ranço politicamente correto. Mas a composição do ministério reflete o atraso da cidadania brasileira. Apenas um ministro negro e uma mulher –e em posições de menor importância.

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