São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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FHC manda investigar seus ministros

SILVANA QUAGLIO ;GILBERTO DIMENSTEIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
Preocupado com eventuais desgastes na composição de seu governo, o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, encomendou à SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), dossiês sobre seus futuros auxiliares.
Os "arapongas" entregaram as informações antes do anúncio formal dos ministros.
O trabalho prossegue agora para a escolha de todos os convidados para os cargos, principalmente de segundo e terceiro escalões, buscando-se eventuais antecedentes criminais ou até mesmo suspeitas veiculadas pela imprensa.
A avaliação de FHC e de seus auxiliares é de que o Palácio do Planalto está vulnerável, devido à fragilidade ou mesmo ausência de informações.
A idéia é não restringir a obtenção de dados à SAE, que deve ser dividida em duas áreas: inteligência e estratégia. A tarefa deve ser de toda a administração pública.
Serão fortalecidas as unidades de controle interno dos ministérios, centralizadas numa secretaria específica, e das empresas estatais.
Depois de coletadas as informações, a triagem será feita pelo secretário-geral do Planalto, Eduardo Jorge Caldas, e pelo chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho.
A preocupação de ambos é estar informados sobre o andamento das decisões que se perdem nos diversos escalões.
A curto prazo, Fernando Henrique quer evitar vexames como o ocorrido com o presidente Itamar Franco, que nomeou um ministro que não durou dez dias no cargo.
Nuri Andraus foi indicado pelo governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, a Itamar. Andraus havia ocupado a Secretaria de Agricultura do governo do DF.
Acabou defenestrado pelo presidente depois que reportagens na imprensa relatavam que Andraus era réu em um processo por homicídio, além de ser suspeito de fraudar uma licitação durante sua gestão na secretaria de Roriz.
FHC conhece muito bem alguns de seus futuros ministros, como Sérgio Motta (Comunicações) e José Serra (Planejamento).
Com outros não tem o mesmo grau de amizade, mas conviveu intensamente quer nas atividades parlamentares, quer no período da eleição, como é o caso de Nelson Jobim (Justiça) e Gustavo Krause (Meio Ambiente).
O único que o presidente eleito não conhecia é seu futuro ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, do PFL baiano. Foi indicado pelo senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).

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