São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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Para mudar a Carta, eleito precisa do PP

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O loteamento do ministério não garantiu ao presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, maioria de três quintos para aprovar a reforma constitucional. Para ter maioria, FHC terá que atender ao PP, que deseja cargos no governo.
Uma maioria folgada na Câmara seria alcançada somente com a adesão do PPR, com os seus 52 deputados. A indicação de Adib Jatene (Saúde), porém, não afasta o PPR da sua linha de independência. Jatene não tem liderança e nem é filiado ao partido.
A busca dos independentes é necessária até porque o ministério de FHC desagradou mineiros de vários partidos governistas, como PTB, PFL e até o PSDB do presidente eleito . "Recebemos ministérios de terceira categoria ou inexistentes", reclama Leopoldo Bessone (PTB-MG).
O governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, que lidera parlamentares de vários partidos, afirmou publicamente que seu Estado recebeu ministérios de "papelão".
O PTB mineiro queria uma pasta para o deputado Roberto Brant. Perdeu os cargos disponíveis para Raimundo Brito (Minas e Energia), Israel Vargas (Ciência e Tecnologia) e Dorothéa Werneck (Indústria e Comércio).
A escolha de Dorothéa acabou desagradando o PSDB mineiro e a manutenção de Vargas não agradou a ninguém.
O PP foi convidado pelo presidente eleito para participar do seu conselho político, mas não recebeu nenhum ministério. Com 37 deputados e cinco senadores, o partido agora quer órgãos como o Incra e o DNER.
Com a montagem de seu gabinete, FHC deve assegurar o apoio do PMDB, do PFL, do PSDB e do PTB, o que corresponde a 289 deputados e 56 senadores. Para aprovar as reformas constitucionais, serão precisos os votos de 308 deputados e 49 senadores.
Com a adesão do PP, o governo teria 326 deputados e 56 senadores. A maioria seria apertada, porque sempre podem ocorrer ausências ou dissidências entre os partidos governistas, dependendo do tema em votação.
Com o PP, o PL e mais o PPR, o governo teria 391 deputados e 63 senadores, o que garantiria votos para aprovar qualquer proposta de mundança da Constituição.
A opção de FHC de lotear politicamente o seu ministério poderá levá-lo agora a entregar também os cargos de segundo e terceiro escalões aos partidos aliados ou mesmo independentes.

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