São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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Soldados e traficantes trocam tiros em Niterói

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Traficantes reagiram a tiros ontem de madrugada à ocupação militar do morro do Cavalão, em Icaraí (zona sul de Niterói). Durante dez minutos os homens do tráfico trocaram tiros com militares do Exército e com policiais.
O tiroteio assustou os moradores dos prédios vizinhos à favela. Muitos edifícios na região têm sido, nos últimos meses, atingidos por balas disparadas do morro.
O porta-voz da Operação Rio, coronel Ivan Cardozo, negou que tenha havido troca de tiros. Segundo ele, traficantes do morro deram tiros para o alto para avisar outros bandidos da chegada da polícia.
Ao final do tiroteio, pelo menos um dos supostos traficantes estava preso, segundo a Folha apurou. De acordo com Cardozo, foram detidas duas pessoas e apreendidos um revólver e 250 gramas de maconha.
A ocupação do morro do Cavalão por 200 militares do Exército e 70 policiais militares começou às 5h. Quando chegaram ao alto da favela, eles foram recebidos a tiros por criminosos que seriam comandados por um homem conhecido como Robinho, suposto líder do tráfico no local.
Apesar dos tiros, o Exército não acionou os dois blindados Cascavel, equipados com canhões e metralhadoras, que desde a madrugada se posicionaram nos dois principais acessos da favela.
Os presos foram levados para o posto de triagem em um terrero no topo da favela. De lá, seguiram em ônibus para o quartel da PE (Polícia do Exército), na Tijuca (zona norte do Rio).
A ocupação do Cavalão foi a segunda ocorrida em Niterói (cidade a 15 km do Rio) desde o início da Operação Rio. Anteontem, os militares ocuparam o morro do Estado, no centro do município.
O Exército e as polícias civil e militar resolveram vasculhar os morros da cidade à procura de traficantes cariocas que teriam atravessado a baía de Guanabara para se esconder da Operação Rio.
A favela do morro do Cavalão é uma das mais antigas de Niterói. Nela moram cerca de 5.000 pessoas, que, diferentemente do que geralmente ocorre em áreas carentes do Grande Rio, são beneficiadas por rede de água, coleta de esgoto, luz elétrica e escolas.

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