São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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Natal de Jesus

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A alegria que marca a celebração do Natal está ligada ao fato fundamental da história: Cristo, ao nascer, traz a todos a certeza do amor de Deus ou da salvação que nos oferece.
A "promessa feita a nossos pais" se realiza e a esperança de perdão e felicidade entram, para sempre, na vida humana.
É o momento, portanto, de nos reunirmos nas famílias e comunidades para agradecermos a Deus o dom inestimável da encarnação de seu filho, fonte de todas as graças. "A tal ponto Deus amou o mundo que nos deu seu filho unigênito" (Jo 3,16).
1) Há, no Natal, um clima de otimismo diante da história. Contemplando o nascimento de Cristo, estamos, à luz da fé, renovando a alegria de superarmos a maldade, a violência e todo pecado.
Vemos o mundo e a história na perspectiva da misericórdia divina. "Tudo coopera para o bem daqueles que acreditam no amor de Deus" (Rm 8,28).
A partir de Cristo está em ação um dinamismo de vida e esperança, que vem do próprio Deus e coloca a humanidade a caminho da comunhão plena com ele e entre nós. Daí a liturgia festiva do Natal, com cantos e presentes, buscando concórdia e paz no seio da família e entre os povos.
A lembrança do Natal em Belém, há 2.000 anos, é, assim, preparação para a vinda gloriosa de Cristo no final dos tempos.
2) Diante de Cristo que nasce somos convidados a aprofundar o direito que toda criança tem de nascer.
Festejar o Natal é reconhecer e acolher o dom primordial da vida. Que sentido terão a ceia de Natal em família, os enfeites e presentes, se continuarmos negando às crianças o direito de viver?
No Brasil de hoje, quando aumenta a prática da anticoncepção e até do crime que elimina a vida nascente no ventre materno, precisamos contemplar Cristo, criancinha no presépio, e pedir que ele nos ensine a defender e receber, com amor, o nascituro.
3) O filho de Deus, assumindo nossa natureza, identificou-se com todos nós e revelou a cada pessoa o próprio valor à luz de Deus. Façamos do Natal de Jesus a festa do compromisso com a dignidade da pessoa humana, a começar pelos mais necessitados e excluídos.
Procuremos reconhecer no rosto dos irmãos os traços de Jesus à espera de nosso respeito, estima e empenho em promover a dignidade de suas vidas.
A festa do Natal poderá repetir-se todos os dias, se soubermos acolher Cristo, lutando contra a fome, a miséria, em favor da vida digna de nossos irmãos empobrecidos e rejeitados.
4) Neste Ano da Família, a celebração litúrgica do Natal deveria incluir o propósito firme de unir, ainda mais, os laços familiares. A reunião em volta do altar e da ceia do Natal poderá significar atitudes novas de perdão, paciência e compreensão.
Contemplando Cristo menino no colo de Maria, a mãe de Deus, peçamos pelo povo brasileiro, para que esqueça e supere violência e corrupção, injustiças e ressentimentos, e faça do nascimento de Jesus o Natal do amor.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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