São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Indústria de polpa corre atrás do tomate

CARMEN BARCELLOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtores de tomate industrial têm motivos para esperar bons rendimentos em 95.
As principais indústrias do setor prevêem aumento de até 25% no consumo desta hortaliça para a fabricação de molhos, extratos, purês e outros derivados.
"O mercado de derivados de tomate está em franca expansão", diz Dan Andrei, 55, diretor industrial da Paoletti, fabricante dos produtos Etti.
Segundo ele, a produção da Etti cresceu cerca de 25% nos últimos dois anos. Este ano, a indústria consumiu 250 mil toneladas de tomate para produzir 35 mil toneladas de polpa. Para 95, está prevista uma expansão de 15%.
A Arisco utilizou este ano 200 mil toneladas de tomates. "A produção de polpa foi 22% maior do que em 93", revela Carmello Paoletti, diretor industrial.
Paoletti avalia que mais da metade desse crescimento ocorreu no segundo semestre, devido ao aumento de consumo provocado pelo Plano Real.
Em 95, a previsão da Arisco é de que a produção seja 25% maior. "Pretendemos atingir a capacidade total de processamento da indústria, que é de 240 mil toneladas de tomates", afirma Paoletti.
O consumo de tomates da Cica também ficou em torno das 200 mil toneladas, segundo Ronald Rodrigues, 56, diretor de assuntos corporativos. Ele prevê um crescimento mínimo de 4% para 95.
A maior fábrica de polpa da Cica, em Juazeiro, na Bahia, dobrou sua produção este ano. A quantidade de tomates processados passou de 60 mil para 120 mil toneladas.
"Produzimos 19 mil toneladas de polpa", informa o diretor da fábrica, Horácio Lourenço, 68.
A Cica Norte trabalhou este ano com mil produtores contratados, o dobro em relação a 93. Lourenço diz que não haverá necessidade de ampliação desse quadro em 95.
Para Dan Andrei, da Etti, os 200 produtores de Araçatuba (SP) e os 400 de Petrolina (BA) devem ser suficientes para o próximo ano.
Já a Arisco prevê para 95 a contratação de mais 40 produtores na região de Goiânia, onde está localizada sua fábrica. Este ano, a empresa contou com 84 fornecedores.
"Estamos investindo em novas técnicas de irrigação, produção em estufas, preparo do solo e tratamento fitossanitário", diz Paoletti.
A Etti e a Arisco cobiçam uma fatia maior do mercado externo, especialmente o da Argentina.
"Pretendemos ampliar as exportações de 5% para 20% da produção, atingindo US$ 30 milhões", diz Paoletti, da Arisco.
A Etti já exporta 20% de seus produtos, principalmente para EUA e Canadá. "A meta, agora, é intensificar o comércio com a Argentina", diz Andrei.
A Cica, segundo Ronald Rodrigues, não tem maior interesse nas exportações. A marca tem fábrica própria na Argentina.
No mercado nacional, a Arisco aposta em produtos prontos, para facilitar a vida da dona de casa.
Recentemente, a Arisco lançou novos sabores do molho Tarantella –parmesão, berinjela, azeitona, pimentão, bolonhesa, ao sugo–, além do tomate sem pele.
Para o próximo ano, a empresa prepara a linha de molhos Bella Italia, com seis sabores.
A disputa pelo mercado é tão intensa que a Etti e a Cica preferem não revelar seus lançamentos para 95. As duas, juntamente com a Arisco, detêm 80% do mercado de derivados de tomate.
A maior produção de tomate industrial, este ano, concentrou-se no Nordeste. Segundo José Ary de Lima, coordenador do comitê de tomate industrial de Pernambuco, a área plantada neste Estado e na Bahia aumentou de 5.000 ha para 7.670 ha.
O resultado foi uma produção de 292,2 mil toneladas de tomates. A produtividade média, segundo Lima, cresceu de 35 para 38 t/ha.
Os preços médios pagos pelas indústrias aos produtores, por tonelada de tomate, ficaram em torno de R$ 50 no Nordeste e R$ 55 em São Paulo. Para 95, os valores ainda não foram definidos.

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