São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Longa vida' reduz uso de agrotóxicos

Variedade chega a durar 40 dias

DA REPORTAGEM LOCAL

A exigência do mercado por frutos mais consistentes e duráveis levou a Agroflora, fabricante de sementes de hortaliças, a desenvolver o tomate caqui (tipo salada) longa vida.
O híbrido foi batizado como Carmen e, além da durabilidade, oferece resistência a doenças e melhor sabor, segundo os técnicos da empresa.
Um tomate comum colhido verde dura dez dias. O longa vida atinge 40. Se retirado do pé rosado ou vermelho, sua duração é de 30 e 20 dias, respectivamente.
A variedade também é resistente a fungos, vermes e ao vírus do mosaico do tomateiro.
"O uso de fungicidas e nematicidas é eliminado ou, pelo menos, reduzido a um terço, o que gera uma economia entre US$ 300 e US$ 400/ha", diz Paulo Della Vecchia, diretor de pesquisa da Agroflora.
Segundo ele, o alto custo das sementes -dez vezes maior do que o das comuns- é compensado pelas vantagens do produto.
"As perdas são menores e o tomate pode alcançar preços entre 10% e 25% maiores no mercado", afirma.
Para lançar o Carmen, a Agroflora associou-se à Hazera, empresa israelense especializada em sementes.
"Pesquisamos qual semente da Hazera se adaptaria melhor às condições de cultivo no Brasil e assimilamos a tecnologia", diz Vecchia.
Ele destaca que é um híbrido obtido em cruzamentos naturais, sem manipulação de genes.
Depois de conhecer o Tommy, similar argentino do Carmen, o agrônomo Hélio Mori, 35, resolveu investir no cultivo do tomate longa vida, em São Miguel Arcanjo (190 km a oeste de São Paulo).
Em abril, ele e seis produtores do município plantaram 80 mil pés em estufa, com endereço certo: o mercado argentino.
Com a quebra da safra paulista pela geada, acabaram vendendo toda a produção a supermercados da capital.
O preço mínimo, por caixa de três quilos, foi de R$ 5. No caso do tomate comum, este valor é pago por caixas de 20 quilos.
Enquanto os demais produtores do grupo dedicam-se às uvas, Mori inicia sua quarta colheita de tomate. Ele investiu R$ 2.000 (R$ 180 em sementes) e espera faturar R$ 10 mil líquidos.
Em abril, o grupo dará continuidade ao projeto de exportação para a Argentina.

Texto Anterior: Fast food compra mais
Próximo Texto: Chuvas em SP favorecem culturas da safra de verão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.