São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Estado culpa construtora por rebelião

MARCELO GODOY

De acordo com secretário da Segurança Pública de SP, empresa responsável por obra teria cometido falhas
Da Reportagem Local
O secretário da Segurança Pública, Antônio Correa Meyer, 48, disse querer que o Estado seja indenizado pela empresa que construiu a cadeia pública 1 do Complexo Penitenciário de Pinheiros (zona oeste de SP), inaugurada em setembro deste ano.
O motivo seria a existência de falhas na construção do prédio da cadeia, que foi parcialmente destruída por uma rebelião de presos anteontem. O primeiro passo para isso seria uma vistoria técnica judicial no cadeia.
"A Procuradoria do Estado deverá pedir a vistoria hoje (ontem)." Meyer apontou o fato de os presos terem arrancado grades como um indício das falhas. "As grades tinham só um ponto de chumbo na parede."
Ele disse ter constatado também que a tela que separa o pátio interno da cadeia do telhado é muito frágil. Durante a a rebelião, os presos passaram por ela, subiram no telhado e passaram a arremessar telhas nos policiais.
Outro suposta falha apontada pelo secretário foi o fato de os vidros a prova de bala calibre 45 terem sido derretidos pelo fogo. Os vidros protegiam a central de controle eletrônico da cadeia.
O diretor comercial da L.J. construções, André Martins Junqueira, 29, afirmou que a empresa cumpriu rigorosamente as especificações da obra pedidas pela Secretária da Segurança Pública.
"Não há falhas no método de construção. Todo material usado é da melhor qualidade." Junqueira disse que irá esperar ser comunicado oficialmente da decisão de Meyer para se manifestar.
O secretário afirmou também que poderá pedir vistorias semelhantes nas outras sete cadeias públicas construídas ao custo de cerca de US$ 10 milhões a unidade.
O secretário não soube estimar o custo da reforma do prédio destruído pelos presos. "Mesmo assim, não podemos dizer que o projeto (das cadeias) é ruim, pois nenhum preso fugiu", disse.
Segundo Meyer, foram abertos inquérito e sindicância para apurar negligência de funcionários no início da rebelião. Um preso simulou estar passando mal e quatro carcereiros foram feitos reféns.
Os 420 presos que estavam na cadeia 1 foram transferidos para uma outra cadeia do complexo de Pinheiros.(Marcelo Godoy)

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