São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Três supostos traficantes são mortos no Rio

DANIELA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Três supostos traficantes, um deles conhecido como Boi e apontado como chefe do tráfico na favela Kélson, na Penha (zona norte), foram mortos a tiros durante a madrugada de ontem no Conjunto Marcílio Dias, ao lado da favela.
Moradores da favela que testemunharam o crime disseram que quinze homens encapuzados teriam praticado os crimes.
Em depoimento prestado na 22ª Delegacia, Terezinha Silva Faria, irmã de Carlos Miguel Silva Faria, 36, o Boi, disse que seu irmão e seu cunhado Gilmar José Rosa, também morto, encontravam-se junto a outros familiares quando foram capturados pelos assassinos.
Boi foi morto com tiros na cabeça na rua Tancredo Neves, uma depois da de sua casa, onde Rosa, 35, foi achado com dois tiros.
O corpo do terceiro homem morto, José Luís Pecacci Alves, também morador da favela, foi encontrado com tiros na cabeça, ensacado e amarrado, no Trevo das Margaridas, acesso à rodovia Presidente Dutra, distante cerca de 2 km do local em que foi morto.
Um dos doze filhos de Boi, uma jovem de cerca de 18 anos que não quis se identificar, disse à Folha que os assassinos chegaram em quatro carros- uma kombi creme, um Fiat cinza, um Opala vermelho e um Fusca branco.
"É a primeira vez que isto acontece aqui", disse ela, referindo-se a atritos entre traficantes e reconhecendo que seu pai comandava o tráfico. Ela afirmou ainda que os outros dois homens mortos não eram ligados ao tráfico.
O delegado substituto da delegacia da Penha (22º), Renato Soares Vieira, 37, disse que o triplo assassinato seria um "acerto de contas entre os traficantes", apesar de não ter nenhuma pista dos assassinos. Até o meio-dia, ele só havia tomado o depoimento da irmã de Carlos Miguel.
Rebelião
Uma rebelião de 110 presos agitou ontem por três horas à tarde a delegacia da Tijuca (zona norte).
Um preso portador do vírus da Aids que estava passando mal foi o motivo para a revolta dos presos.
O movimento começou durante a inspeção das celas. Um funcionário da empresa que fornece o almoço dos presos afirmou que eles atearam fogo em papelões.
O delegado de plantão, Roberto Blanco, disse que providenciou o transporte do preso doente para exame. A delegacia tem capacidade para 90 presos em 9 celas. Dos 110 presos, 40 já são condenados pela Justiça.

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