São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Itapetininga é recordista em suicídios

VALMIR DENARDIN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAPETININGA

Itapetininga (170 km a oeste de SP) tem um índice três vezes maior de suicídios e tentativas do que o considerado aceitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
A constatação é de uma pesquisa de estudantes de relações públicas das Faculdades Integradas de Itapetininga. Segundo a pesquisa, foram registrados em cinco anos na cidade 159 tentativas e 30 casos consumados de suicídio.
Itapetininga tem 120 mil habitantes. A OMS considera normal até um caso de suicídio por ano para cada 10 mil pessoas –incluindo as tentativas. Assim, Itapetininga poderia ter até 12 casos por ano. Registra porém uma média de 37,8 casos anuais, entre suicídios e tentativas.
Entre abril e agosto deste ano, a polícia registrou 30 tentativas e seis suicídios na cidade. Sorocaba –que fica na mesma região e tem população quatro vezes maior do que Itapetininga– teve, nos mesmos cinco meses, 49 tentativas e nove suicídios, segundo a PM.
Segundo a pesquisa, que analisou os registros policiais entre agosto de 89 e agosto de 94, são as mulheres que mais tentam se matar (70,44% dos casos), mas são os homens que mais conseguem efetivar o suicídio (86,67%).
O método mais usado nas tentativas é a ingestão de medicamentos (63,52%). Mas 46,66% dos suicídios realizados são por enforcamento.
O perfil dos suicidas é diferente nos dois sexos. Entre os homens, a faixa etária predominante vai dos 21 aos 30 anos, as causas principais são estresse e depressão e os meses de maior incidência são março e setembro.
As mulheres estão na faixa entre 18 e 30 anos, são solteiras e tentam se matar principalmente em novembro e dezembro. A causa principal são brigas com o namorado ou o noivo.
Para o professor Lucélio de Moraes, 30, coordenador da pesquisa, a maior causa para o alto índice de suicídios na cidade é a falta de opções de lazer. Itapetininga tem apenas um cinema, um teatro praticamente desativado, duas danceterias e três clubes.
A divulgação dos casos de suicídio pela imprensa local, segundo Moraes, também funciona como "incentivo para a pessoa que quer se matar".

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