São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Dicionário tenta explicar os Grateful Dead

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Para o mitólogo americano Joseph Campbell eles são a última tribo surgida no planeta. Para os americanos David Shenk e Steve Silberman o mundo precisa conhecê-los melhor: a banda americana de rock Grateful Dead e seus fãs, os chamados "Deadheads".
Imaginando que toda a religião precisa de um bíblia, Shenk e Silberman lançaram em setembro nos EUA, o "Dictionary for Deadheads" (dicionário para fãs do Grateful Dead), uma espécie de "tudo que você sempre quis saber" sobre um dos mais bizarros fenômenos culturais dos EUA.
O fanatismo por um grupo de rock surgido na década de 60 que, apesar de estar em atividade até hoje, jamais conseguiu emplacar como um grande vendedor de disco e raramente frenquentou as paradas americanas.
O Grateful Dead surgiu em 1965 como parte de uma reação contra os Beatles ou qualquer som inglês, que naquele momento invadia a América.
Influenciados pela literatura de Jack Kerouac e Allen Ginsberg, logo se tornaram heróis para hippies da Califórnia. Em parte pelas experiências com LSD que realizaram com o garoto propaganda da droga, o psicólogo Timothy Leary.
Não é por acaso que LSD ganhou um dos maiores verbetes do dicionário, assim como todos os seus derivados mais estranhos, como "Eu como tofu e eu voto", definido assim pelos autores: "Sucessor da popular frase 'eu tomo ácido e eu voto', que signififica que politicamente você é o que você come."
Se os Jefferson Airplane – outra banda californiana do período– se engajaram politicamente, com certeza o Dead não. Além de LSD e tofu, outra preocupação de um fã da banda é saber onde é o "O Lado do Jerry": "O lado direito do palco, em frente ao lugar onde o guitarrista Jerry Garcia costuma ficar nos shows, desde 1982". Se os Grateful Dead são mesmo uma religião, Garcia é com certeza o profeta.
Outro importante (e essencial) verbete é intitulado "Agora está tudo terminado. Ache os seus sapatos". A dura tarefa que todos são obrigados a fazer depois de cada show. Pode-se dizer qualquer coisa sobre a banda e seus fãs. Mas é impossível negar o quanto são divertidos. Como eles mesmos dizem: "Tudo que aprendi na vida foi lendo a traseira de uma Van". Na verdade, os últimos hippies sobre a terra.

Título: Skeleton Key – A Dictionary for Deadheads, 388 págs
Quanto:US$ 14,95
Onde encontrar: Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, tel. 285-4033)

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