São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
FHC herda dívida social de R$ 50 bilhões
LUCIO VAZ
Esse valor é aproximadamente um quinto do Orçamento da União para 95. A imagem desta dívida está estampada a 1,1 km do Palácio do Planalto, onde cerca de 50 famílias – como a de Joelma Souza Santos, 22, e seu filho Lucas, de seis meses –moram em casas de lata e papelão e sobrevivem dos restos de um "lixão" a céu aberto. O déficit habitacional herdado por FHC é de 12 milhões de moradias e aumenta a cada dia. Era de 6 milhões em julho de 93. Serão necessários R$ 30 bilhões para dar casa a todas estas famílias. O Orçamento da União para 95 destinou R$ 368,7 milhões para o programa habitacional. Neste ritmo, seriam necessários 81 anos para eliminar o atual déficit de moradias, desde que não surgisse mais um único "sem-teto". Os dados são fornecidos pelo Ministério do Bem-Estar Social, que se mostrou impotente para saldar a dívida social do governo. Em 94, o ministério investiu R$ 134,3 milhões. Se tudo fosse investido em habitação, seriam construídas 26 mil casas populares. Neste ritmo, seriam precisos 223 anos para eliminar o déficit habitacional. As deficiências em saneamento básico também são graves. Cerca de 20,9 milhões de brasileiros não contam com sistema de abastecimento de água e outros 78,4 milhões não têm esgoto sanitário. Para eliminar essa dívida, serão necessários R$ 19,9 bilhões. Mas o Orçamento de 95 previu só R$ 501,9 milhões para saneamento. Mantido este nível de investimento, seriam precisos 62 anos para construir toda a rede de esgoto e 16 anos para implantar o sistema de abastecimento de água. O saneamento ambiental é outro problema a enfrentar. Cerca de 34 milhões de brasileiros não contam com coleta de lixo. Deste volume, apenas 2 milhões são reprocessados. Os outros 21 milhões são lançados sem tratamento nos rios e lagoas do país. Inflação e fraudes O secretário de Administração-Geral do Ministério do Bem-Estar Social, Mauro Machado Costa, 32, afirma que, além da escassez de recursos, o governo enfrentou dois outros graves problemas: a inflação e as fraudes. "O projeto previa a construção de dez casas. Quando saia o dinheiro, corroído pela inflação, dava para construir duas", comentou Costa. Nos casos de fraudes, não sobravam nem as duas casas. O desvio de recursos foi constatado em boa parte dos 5.000 processos analisados pelo ministério nos dois últimos anos. O governo FHC herda mais 15 mil processos para serem apreciados. (Lucio Vaz) Texto Anterior: Ministra manda cancelar verbas para Juiz de Fora Próximo Texto: Eleitor aprova Itamar mas prefere Sarney Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |