São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Violência não cai; preço da droga sobe

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

As ações das Forças Armadas realizadas a partir de novembro não chegaram a reverter o crescimento da criminalidade no Estado, mas foram suficientes para gerar um aumento de até 100% no preço da cocaína.
O grama da cocaína, que estava estabilizado em torno de R$ 10,00, pulou para R$ 15,00 (nos morros cariocas) e R$ 20,00 (nos pontos de venda "no asfalto").
A Folha apurou que o maior problema enfrentado pelos traficantes foi em relação ao abastecimento de drogas: a vigilância nas estradas amedrontou os responsáveis pelo transporte de cocaína.
O comércio de drogas nos morros só era interrompido nos dias de ações das Forças Armadas: a retirada das tropas das Forças Armadas era seguida pelo reinício das atividades nas "bocas" (locais de venda).
O risco representado por ações das Forças Armadas nos morros também afugentou alguns consumidores que iam comprar cocaína nas favelas. Isso reforçou outros circuitos, como os de venda de drogas por telefone.
A análise dos números divulgados pela Secretaria de Polícia Civil do Rio revela que, de um modo geral, as ações nos morros não chegaram a alterar a incidência de crimes no Estado. A diminuição de alguns casos foi compensada pelo aumento de outras ocorrências.
Os homicídios dolosos (intencionais) em novembro –mês do início das ações– diminuíram em relação aos meses de setembro e outubro, mas aumentaram se comparados ao mesmo mês do ano passado. Em novembro de 93 houve 609 desses homicídios no Estado, contra 681 registrados em 94.
O maior aumento foi registrado nos sequestros: 23 em novembro, contra 2 em setembro e 11 em outubro (em novembro do ano passado houve sete). Foi mantida a tendência de crescimento dos assaltos a bancos (41 em setembro, 44 em outubro e 46 em novembro).
As barreiras montadas em ruas e em estradas de acesso ao Rio podem ter influído na diminuição dos roubos e furtos de veículos. Os roubos diminuíram 19% em relação a outubro (1.957 contra 2.415) e os furtos, 20,6% (1.736 contra 2.185).

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