São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Para Marcello Alencar, intervenção é inevitável

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O governador eleito do Rio, Marcello Alencar (PSDB), disse que tomou a iniciativa de "pedir uma solução ao Banco Central" para a crise do Banerj. Segundo ele, a intervenção era "inevitável" e a alternativa seria a liquidação do banco.
Alencar disse ser favorável ao fechamento das cerca de 50 agências do Banerj fora do Estado, das quais 95% dão prejuízo, causando um déficit operacional de US$ 1 milhão por mês. "Não dava mais para empurrar com a barriga".
Outras soluções analisadas nas reuniões da equipe de Alencar com a do BC eram a redução do quadro de funcionários e a "federalização" da dívida do banco.
A "federalização" é a troca de títulos estaduais por títulos federais de maior aceitação no mercado e maior prazo de resgate.
Os problemas do Banerj –que tem uma dívida de R$ 1,5 bilhão, segundo o futuro secretário de Planejamento, Marco Aurélio Alencar– começaram a ser discutidos entre o governo eleito do Rio e o Banco Central, dez dias depois do segundo turno da eleição.
Marco Aurélio, filho do governador eleito, disse que houve uma reunião no Rio, com a presença do presidente do BC, Pedro Malan, em que ele mostrou sua preocupação com a situação do banco.
"Alguns segmentos do BC defendiam a liquidação", disse Marco Aurélio, mas os representantes do governo do Rio sugeriram uma co-gestão. A partir daí, chegou-se à idéia da "administração cooperada" entre o BC e o Banerj.
O governador eleito já sabia da intervenção desde anteontem no final da tarde, quando recebeu um telefonema do BC informando que Bressan tinha sido escolhido para compor o conselho diretor.
Para o futuro secretário de Fazenda, Edgar Gonçalves da Rocha, era necessário que se encontrasse uma solução definitiva. "A gente não podia assumir o banco com soluções paliativas ou disfarçando um quadro de crise", disse.
Marco Aurélio Alencar disse que "o furo imediato" do banco é de R$ 800 milhões, uma consequência de resultados operacionais negativos, operações com prejuízo e créditos que não foram pagos.
Ele disse ainda que o banco vinha perdendo mensalmente R$ 35 milhões, o que levou a que a necessidade de redesconto passasse de R$ 150 milhões para os R$ 515 milhões de anteontem.
O futuro secretário de Planejamento disse ainda que a dívida do governo do Estado para com o banco é de R$ 300 milhões, sem contar a dívida da Companhia do Metropolitano (metrô) de R$ 180 milhões.
Marco Aurélio disse que esta dívida será contestada, pois foi feita com o BD Rio (Banco de Desenvolvimento do Rio), que foi incorporado ao Banerj. "Este crédito não deve ser pago", disse ele.

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