São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Nilo vê medida "ditatorial" e "política"

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio, Nilo Batista (PDT), considerou a intervenção no Banerj uma "atitude política e ditatorial".
Reunida com o governador ontem à tarde, a diretoria do Banerj divulgou nota oficial em que tacha a intervenção "um ato de violência contra o Rio".
A diretoria responsabilizou o Banco Central pela perda de liquidez do banco e informou que o Banerj tem dinheiro para receber do BC: R$ 100 milhões pagos a mais desde 1992, R$ 30 milhões de multa e mais R$ 600 milhões recolhidos como depósito compulsório, depois do Plano Real.
Anteontem, o Banerj não conseguiu que o BC negociasse R$ 84 milhões em títulos estaduais, trocando-os por federais.
O Banerj fechou o caixa com R$ 515 milhões negativos e desde ontem está sob intervenção do BC. Ele disse ainda que conversou anteontem com o governador eleito, Marcello Alencar (PSDB), sobre a dificuldade para negociar os títulos, e afirmou que Marcello não sabia da intervenção.
Segundo Nilo, todos os títulos da dívida pública estadual foram emitidos antes de 1982, durante os governos do período militar e com autorização da União.
"Agora o BC tem essa atitude autoritária e ditatorial, exatamente como os governos que contraíram a dívida", afirmou.
Além dos R$ 84 milhões da dívida estadual, mais R$ 431 milhões pedidos na véspera ao BC fizeram com que o Banerj fechasse o caixa, anteontem, com o negativo de R$ 515 milhões.
Nilo afirmou que a diretoria do banco passou a quinta-feira tentando negociar a troca dos títulos como BC e não conseguiu.
"Eu mesmo liguei e um diretor do BC me assegurou que a situação era normal, embora não tivéssemos fechado o caixa", disse.
Cibilis Viana, presidente do Banerj, disse que o banco tinha garantias para cobrir até R$ 460 milhões dos R$ 515 milhões devidos.

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