São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Inflação de janeiro chega a 2%, diz Fipe

MÁRCIA CHIARA E SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Alimentação, saúde, educação e despesas pessoais devem ser os vilões da primeira inflação de 1995. Com tendência de baixa de preço, habitação e transporte podem minimizar parte desta pressão altista.
A previsão é da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que projeta inflação de 2% para janeiro.
A taxa de janeiro será meio ponto percentual acima da inflação de 1,5% estimada para dezembro pela Fipe. Apesar da tendência de alta, Heron do Carmo, do IPC da Fipe, afirma que o índice de janeiro deve ficar abaixo da média de 2,6% do último trimestre de 1994.
O abono de R$ 15, concedido ao salário mínimo e pago em fevereiro, deverá ter impacto efetivo na inflação de março.
Mas nos setores de serviço, que têm o mínimo como parâmetro, o abono deve ser responsável pela virada das tabelas já em janeiro.
Segundo ele, a alta das despesas pessoais, que pesam 12,5% no IPC da Fipe, é reforçada pelos produtos de higiene e beleza, que fazem parte deste item. Motivo: o repasse dos custos de mão-de-obra e embalagens prometido pelas empresas para janeiro.
Os alimentos industrializados apresentam quadro semelhante. "Na virada do ano, a tendência é de transferir aumentos de custos para os preços", afirma Heron.
Também nos alimentos "in natura" a trajetória é de alta mas não tão acentuada como em anos anteriores devido a maior oferta de tomate e laranja.
Em janeiro de 94, por exemplo, as verduras subiram 93% e os legumes 64%. No mesmo período, o IPC da Fipe ficou em 40%.
Na outra ponta da balança, os preços dos alimentos semi-elaborados e derivados começam a cair em janeiro devido à safra.
Os setores de educação e saúde abrem o ano também em alta. A Associação Médica Brasileira (AMB) espera apenas a posse do novo governo para negociar reajustes na tabela de honorários.
Wirton Palermo, secretário-geral da AMB, diz que o preço de uma consulta médica nos convênios é de R$ 12,40, congelado desde 1º de julho. "Queremos no mínimo o IPC-r acumulado."
Além dos serviços médicos, Heron prevê alta nos preços dos remédios e do material escolar, desencadeada pelo aumento de matérias-primas, como o papel.
Só os cadernos subiram para as papelarias 47,24% entre fevereiro e novembro de 1994.
Os reajustes das mensalidades escolares devem ter impacto maior a partir de março, quando ocorre da data-base dos professores, diz José Maurício Soares, coordenador do Dieese.
Doméstico
O abono ao salário-mínimo deve pesar no bolso dos patrões em fevereiro, diz Margareth Carbinato, que preside o Sindicato dos Empregadores Domésticos do Estado de São Paulo.
"Os empregadores vão apertar o cinto e pagar o extra. Não acho que haverá demissões por conta deste aumento."
No salão de beleza L'Officiel, o abono não deverá ser motivo para subir a tabela de preços, diz o sócio Leandro Pascotto.
"Como deverá ser pago apenas uma vez, em janeiro, não precisarei aumentar os preços."
(Márcia de Chiara e Suzana Barelli)

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