São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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No horizonte, a esperança

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

1994 foi ano de realizações surpreendentes na promoção da paz: o acordo entre judeus e palestinos, a convivência fraterna na África do Sul e os esforços para superar os conflitos na Irlanda. No entanto, o sofrimento continuou a se abater no Haiti e nas guerras fratricidas na Bósnia e Ruanda.
O Brasil lutou contra a corrupção, aplicou um plano de estabilidade monetária, realizou eleições em clima de tranquilidade e consolidou a democracia. Muito contribuíram os meios de comunicação social e o alto desempenho da Procuradoria Geral da República.
Cresceu a cidadania, graças à Ação contra a Fome a Miséria com seus comitês e a sensibilização do povo. Os Conselhos paritários Consea, Conanda, CNAS e outros são uma conquista que precisa perdurar. Os últimos meses do governo Itamar, com a atuação do Ministério da Agricultura e do Incra, demonstraram que há soluções viáveis para o homem do campo.
Há sombras que escurecem a fotografia de 1994: violência, assaltos, crimes, precariedade no sistema penitenciário e empobrecimento de grande parte da população. Percebe-se, no entanto, uma atmosfera de expectativa e até de esperança para o ano que entra, coincidindo com o dia da posse do novo governo.
O coração do povo acalenta justos anseios: melhoria imediata no atendimento à saúde, garantia de educação para todos, programa agrário e agrícola que acelere o acesso à terra e ao trabalho, salvaguarda dos direitos constitucionais adquiridos, especialmente para as populações indígenas.
Meta necessária do novo governo será o urgente programa social que crie condições de vida digna para os milhões de empobrecidos.
A avaliação de 1994 nas comunidades católicas revelou: 1) notável esforço na promoção da família, em sintonia com o Ano Internacional e a Campanha da Fraternidade; 2) empenho na formação da consciência política e o exercício da cidadania; 3) maior interesse em conhecer e aplicar na vida a Sagrada Escritura, os ensinamentos do papa João Paulo 2º e do magistério da Igreja; 4) incentivo ao "protagonismo dos leigos" e à renovação da vida consagrada.
Abrem-se perspectivas novas para a Igreja no Brasil em 1995:
1) Nosso país será sede do 5º Congresso Missionário Latino-americano. Além do envio de missionários a outros países será necessário desenvolver uma fraterna atuação ecumênica e diálogo interreligioso. A tarefa, no entanto, que mais desafia a Igreja Católica no Brasil é a de convocar os que nela foram batizados a assumir com alegria os deveres de sua fé e participação comunitária, uma vez que mais de dois terços dos batizados católicos não são praticantes e tornam-se indefesos diante de pregações proselitistas.
2) A Campanha da Fraternidade de 1995 coloca para a consciência cristã o dever sagrado de colaborar a fim de que milhões de irmãos excluídos possam viver conforme a dignidade de filhos de Deus.
3) A mensagem do papa João Paulo 2º para o Dia Mundial da Paz dirige especial apelo à mulher para que se torne sempre mais educadora da paz na família e na vida dos povos, e seja por todos respeitada, valorizada e promovida em sua dignidade na vida da Igreja e da sociedade.
Estamos para iniciar 1995. No horizonte, a esperança.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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