São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Equipe já mostra sinais de desânimo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira desde o início das negociações com o Congresso, a equipe do ministro Fernando Henrique Cardoso mostrava ontem abatimento e desânimo. O ministro, na definição de assessores próximos, estava "triste", o que é raro numa pessoa que parece estar sempre bem humorada.
Também pela primeira vez, assessores concordaram em discutir hipóteses de saída do ministro. Até aqui, a conversa era sempre a mesma - o Congresso vai votar o Plano FHC, repetiam todos no Ministério da Fazenda. Agora, a frase mudou para "vamos esperar a terça-feira", dia marcado para nova tentativa de votação da emenda constitucional que cria o Fundo Social de Emergência, peça essencial do Plano.
Se o Congresso não aprovar a emenda antes do Carnaval, os assessores acham que Fernando Henrique Cardoso não terá alternativa senão deixar o cargo. O limite antes do Carnaval não é um capricho. A equipe do ministro considera que todas as cartas estão na mesa, de modo que se o Congresso não votar semana que vem, não vota mais.
Plano de campanha
E quais as chances do Congresso aprovar o Plano na terça-feira? Meio a meio, essa foi a resposta mais frequente no Ministério da Fazenda. É pessimista, pois até a semana passada a equipe da Fazenda apostava todas as fichas na aprovação.
Fora do governo, entre empresários, políticos e consultores que têm ajudado Fernando Henrique, surgiu esta semana uma hipótese considerada por eles a pior possível. Ocorreria se o Congresso desse ao ministro FHC não tudo o que ele pede, mas uma parte que parecesse o suficiente. O ministro seria então obrigado a tentar tocar o plano, em precárias condições e com tempo curto, dado o atraso do Congresso.
Esse seria o pior dos mundos, para FHC, porque ele não teria argumentos para deixar o cargo, nem teria tempo suficiente para iniciar o Plano antes de 2 de abril, data da desincompatibilização. Não teria como sair candidato e estaria prisioneiro de um plano prejudicado.
É contra essa armadilha que os aliados de FHC estão trabalhando estes dias.

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