São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Tiroteio em Copacabana dura 4 h

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Quatro horas de tiroteio nas favelas do Pavão e Pavãozinho, em Copacabana (zona sul do Rio), tiraram o sono dos moradores da região na madrugada de ontem. Durante o fogo cruzado, as favelas geminadas e o bairro de Copacabana viveram momentos de tensão. As ruas Raul Pompéia e Sá Ferreira foram interditadas pela polícia e o trânsito foi desviado.
Favelados que queriam subir o morro foram retidos por policiais na ladeira Saint Roman, acesso à favela, até o final do tiroteio. A luz no morro chegou a ser cortada por cerca de duas horas, segundo a polícia, pelos traficantes. As favelas continuavam ocupadas por cerca de 50 policiais até a tarde de ontem.
O tiroteio assustou os moradores de Copacabana, especialmente os hóspedes do Hotel Malibu, que fica próximo a uma das entradas da favela. A gerente do hotel, que se identificou apenas como Sofia, afirmou que ontem de manhã cinco hóspedes pediram as contas e foram embora. "O assoalho tremia, parecia que os tiros eram dados dentro da minha casa", disse Eliete Loureiro, moradora num prédio nas proximidades do morro.
Apesar de cerca de 200 policiais civis e militares terem sidos deslocados para o local, não houve prisões, apreensões de drogas, mortos ou feridos. A versão do delegado titular da 13º Delegacia Policial (Ipanema), Carlos Alberto Câmara, é de que dois carros com policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro) teriam sido encurralados por traficantes das favelas na noite de anteontem. A existência de outras duas versões fez o diretor do DGPC (Departamento Geral de Polícia da Capital), Jorge Mário Gomes, assumir a investigação do caso.
Alguns favelados dizem que o tiroteio começou por causa de uma "mineira" (operação clandestina de policiais na favela para extorquir dinheiro de traficantes). Outra versão que circulou ontem foi a de que um policial lotado na DAS teria sido capturado por traficantes. As duas últimas versões foram negadas pelo delegado da 13º DP.
Segundo informações da 13º DP, o tráfico nas duas favelas é comandado por um homem conhecido como Fabinho, um dos últimos líderes do Comando Vermelho em liberdade.

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