São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
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Crise assusta o cineasta

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

A participação de Gorbatchov em "Faraway, So Close!" foi para Wenders uma experiência fascinante. Foi quase toda improvisada. "Achei fundamental ter o ex-presidente no meu filme, e mandei-lhe uma carta. Me senti um pouco bobo, assim como uma criança escrevendo 'querido presidente'. Mas ele foi ótimo, chegou a marcar dia e hora. Minha equipe achou que eu tivesse enlouquecido. Gorbatchov entendeu o que eu queria. Políticos em geral sabem atuar, e ele atuou com desenvoltura. Eu havia reunido frases suas para seus pensamentos, mas ele resolveu improvisar", conta o diretor.
Quanto a sua parceria com Auster, Wenders fez questão de manter segredo: "Estamos escrevendo um roteiro que não tem nada a ver com seus livros", respondeu. A respeito da crise do cinema europeu, Wenders diz: "Estamos vivendo uma crise sem igual. Na Alemanha, o percentual dos filmes não chega a 5%, comparado ao gigantismo do cinema americano. É necessário uma união, deixar de lado o nacionalismo. Os cineastas independentes são solidários conosco, porque também estão sendo esmagados pelos grandes. Mas o rótulo de independente é obsoleto. Existe gente tentando contar histórias diferentes dos estouros de bilheteria". (EJ)

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