São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novo curta abre Clermont

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CLERMONT FERRAND (FRANÇA)

Wim Wenders parece ter mesmo perdido a mão. Depois do autocomplacente "Tão Perto, Tão Longe" (ainda inédito no Brasil), é a vez de um novo curta-metragem, "Arischa, o Urso e o Anel de Pedra", que teve lançamento mundial na sessão de abertura do presente Festival Internacional de Clermont Ferrand. "Arisha" é um "road movie" que reúne "outsiders" mundiais numa viagem para longe de Berlim. Tudo começa com um homem fantasiado de urso (Rudiger Vogler) que ganha uma carona de uma escritora russa e sua filha Arisha. A turma aumenta com uma família vietnamita e um videomaníaco fantasiado de Papai Noel (o próprio Wenders).
As conversas de apresentação retomam os temas fundamentais da atual agenda wendersiana: a revalorização do sagrado, a busca de um olhar menos poluído, a necessidade da narrativa, o resgate do libterário. O problema é que tudo isso retorna de forma esquemática, em diálogos-chavão e símbolos óbvios.
Exemplo maior: o neo-samaritanismo de Wenders não encontra imagem melhor do que a de um Papai Noel; dramatiza-se a inflação imagética através deste mesmo homem, que tudo grava com sua "handycam". Boas intenções não bastam para um bom filme. Em sua première mundial, "Arisha" foi apenas burocraticamente aplaudido.

Texto Anterior: Wenders filma sua visão do fado
Próximo Texto: Crise assusta o cineasta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.