São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
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Cães incomodam empresário

XICO SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL

Ao 68.º dia de prisão, o empresário Paulo César Farias se sente esquecido no Quartel da Polícia Militar de Brasília. Ainda não se acostumou ao barulho ininterrupto do canil ao lado da sua sala e não aguenta mais ver tanta televisão. "É massacrante", disse à Folha. "Mas tenho tido paciência e respeito para aguardar as decisões da Justiça".
Os cães da PM não dão moleza, latem dia e noite. O barulho só é aliviado pelo canto de uma gráuna -pássaro que se encontra numa gaiola próxima ao quarto de PC– e os gritos de um papagaio, que repete o que dizem os soldados na hora dos exercícios militares.
Os amigos, segundo PC, sumiram todos. Recebe visitas apenas de advogados e familiares. Até os jornalistas, que faziam um plantão permanente à sua porta, sumiram. "Não sou mais notícia", disse o ex-tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor.
Um raro conforto, segundo PC, são as cartas que tem recebido na prisão. "Pessoas desconhecidas, de todos os lugares do Brasil, me escrevem, dando uma força para que eu suporte tudo isso", conta.
Em raros momentos de animação, PC tem um sonho: a liberdade aos 81 dias de prisão, marca que será atingida por ele daqui a 13 dias. Embora a lei não determine um prazo de validade para a prisão preventiva, a jurisprudência (decisões anteriores da Justiça) mostra que a maioria das pessoas consegue se livrar da cadeia ao 81º dia.
Caso isso aconteça, PC disse à Folha que só tem um objetivo: retomar a confiança da Justiça, que foi quebrada com a sua fuga, em junho do ano passado.

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