São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994 |
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Sem-terra desocupam fazenda
ULISSES DE SOUZA
A retirada ocorreu sem incidentes. Segundo o capitão Antonio Sérgio Marsola, às 5h a polícia convenceu os sem-terra a sair da fazenda. Cerca de 1.200 soldados estavam na região. Benedito Aparecido foi o primeiro a deixar a propriedade. Estava com a família e dirigia um trator. Ele disse que ficou com medo que acontesse "alguma violência" no despejo. Os sem-terra saíram nos próprios carros e em caminhões cedidos por Antonio Ribas, dono da fazenda. Muitos preferiram deixar o local a pé e percorreram 13 quilômetros até as margens da rodovia que liga Getulina a Tupã, onde iniciaram a montagem de um acampamento. Vários invasores saíram da fazenda reclamando da ausência de lideranças do Movimento dos Sem-Terra para negociar com a polícia a permissão para acampar na região. Policiais afirmaram que as lideranças dos sem-terra deixaram a área após o conflito de anteontem. Rafael Ortelhado, pai adotivo de dois empregados da fazenda, foi morto durante o choque com os sem-terra. O delegado seccional de Lins, Alvaro Cardin, 52, disse que a polícia ainda não tem suspeitos pela morte de Ortelhado, enterrado ontem em Campo Grande (MS), onde morava. O delegado disse que espera para depois do Carnaval os depoimentos dos irmãos Edson e Eurídice Amorim, empregados da fazenda. Eles não foram ouvidos ontem para que pudessem acompanhar o enterro de Ortelhado. O advogado Régis Tortorella, que representa o proprietário da fazenda Antonio Ribas, disse que a intenção dos sem-terra ao interceptar a caminhonete era fazer com que os empregados da fazenda ficassem como reféns para poderem negociar com a polícia sua permanência na área. Ontem, durante a desocupação, nenhum dos sem-terra quis falar sobre o caso. Texto Anterior: CPI da Privatização prorroga o prazo Próximo Texto: Temer e Barros Munhoz disputam candidatura do PMDB em SP Índice |
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