São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994 |
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Hoje, só é flácida e tem celulite quem quer
BARBARA GANCIA
Diante das novas técnicas que vêm fazendo furor nos mais seletos institutos de São Paulo, estas banais maneiras de combater a implacável atuação da Lei da Gravidade são coisa da época do avião à lenha. A onda agora é manter a carcaça em dia usando de métodos bem mais safos do que pedalar uma boba bicicleta ergométrica ou se humilhar em simiescas sessões de aeróbica. Você aí, que corre no Parque do Ibirapuera todos os dias e arrisca voltar para casa com uma peixeirada na barriga e sem seu par de tênis "made in Korea": aposto que você nunca ouviu falar das fabulosas mesas eletromecânicas Stauffer. Segundo consta nos prospectos dos mais distintos institutos do culto ao corpo da cidade, a técnica Stauffer foi inventada por uma fisioterapeuta suíça que se especializa no tratamento de deficientes físicos. O método consiste em estender-se sobre uma mesa mecânica e deixar que a máquina faça os exercícios por você. Para seres como Neuzinha Brizola e eu, que deitam e esperam a vontade passar quando cismam de fazer ginástica, as mesas Stauffer são um achado milagroso. Só não dá para entender uma coisa: como é que a inventora desse engenhoso aparelho ainda não ganhou o Prêmio Nobel? Afinal de contas, por reles US$ 200 mensais, o usuário da Stauffer fantasia estar fazendo ginástica e enrijecendo os músculos –e ainda se sente como se estivesse sobre uma daquelas camas de motel vagabundo, que vibram quando acionadas por uma moeda. Mais impressionante ainda do que as mesas Stauffer é o novo método de eliminação da celulite que é praticado em várias clínicas de rejuvenescimento. Trata-se de um processo conhecido por "eletrolipoforese". Consiste em enfiar agulhas elétricas de cerca de 60 cm nas pernas a fim de bombardear as gorduras que dão à pele aquele aspecto "mexerica". Se um dos ilustres doutores que aplicam a técnica for capaz de me apresentar uma só coxa que teve a celulite erradicada pelo método, juro que dou a ele um pirulito de laranja. Texto Anterior: A esquerda se explica Próximo Texto: Zoológico de Washington doa micos-leões-dourados Índice |
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