São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
Próximo Texto | Índice

Fundo é alternativa à caderneta

MARIO ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem depositou na caderneta de poupança um mês atrás, no dia 11 de janeiro, vai poder resgatar sua aplicação hoje com um rendimento de 50,08%. O dinheiro que ficar na poupança hoje deverá ter remuneração entre 36,5% e 37%, com resgate no dia 11 de março. Analistas ouvidos pela Folha acreditam que a melhor aplicação no momento é o fundo de renda fixa DI ou o renda fixa tradicional. E indicam ações para quem tem recursos e coração para o risco.
Ao analisar o desempenho da poupança, os analistas chamam logo a atenção para o número de dias úteis entre a data de aplicação e a de "aniversário". É principalmente por este motivo que há tanta diferença entre os rendimentos da caderneta. As contas abertas hoje, por exemplo, terão apenas 18 dias úteis até 11 de março. Já as contas que vencem hoje, tiveram 23 dias úteis desde o dia 11 de janeiro.
Outro fator lembrado pelos analistas é a expectativa de inflação. Quando a inflação tende a diminuir, as aplicações prefixadas são as mais recomendadas. Aplicação prefixada é aquela em que o investidor já sabe hoje quanto vai receber no dia do vencimento. São os casos do CDB e da poupança, por exemplo. Por outro lado, quando a inflação tende a subir, o investidor deve escolher uma aplicação que tenha lastro no mercado futuro.
No Unibanco, o superintendente de administração de carteiras, Érico Rocha Capelo, indica o fundo de renda fixa DI. "O momento ainda é de instabilidade política e econômica e, por isto, pede uma aplicação de renda fixa sem grandes riscos", afirma. Segundo ele, esta aplicação é interessante agora porque acompanha a variação diária dos juros no mercado futuro. "O fundo deve bater a poupaça", diz.
Para Capelo, o governo deverá manter os juros reais –acima da inflação– em torno de 1,8% ao mês em março, mesmo com a implantação da URV. "Com isto, o fundo deverá ter boa rentabilidade", afirma. Quanto à explosão das Bolsas, Capelo sugere cautela para entrar no mercado de ações porque, segundo ele, os preços já subiram bastante. Ele ressalva, porém, que "se o país fizer o ajuste da economia, o dinheiro de fora virá mais forte do que agora e as Bolsas poderão render ainda mais".
No Banco de Boston, a gerente de investimentos, Vera Rizkallah, também recomenda o fundo de renda fixa DI, sem, no entanto, esquecer do fundo de commodities. "Este fundo deve render mais que a poupançca, com a vantagem de ter rentabilidade e liquidez diária depois de 30 dias da aplicação", afirma.
"A inflação nominal em março deverá ser maior que a de fevereiro por causa do maior número de dias úteis no próximo mês", diz Vera. "Além disto, dependendo de como será a negociação para adotar a URV, poderá haver um aumento de preços", afirma.
Vera recomenda um fundo de ações para quem tem "apetite para o risco". Para estes investidores, Vera recomenda de 10% a 20% da carteira de aplicações em um fundo de ações. Segundo ela, os preços das ações estão compatíveis à economia do país, mas estão baixos em relação a outros países da América Latina. "Este fato atrai os investidores estrangeiros", diz.
Para o diretor-executivo do Banco BMC, Alexandre Zakia Albert, a caderneta de poupança hoje deve perder para os fundos de commodities, de renda fixa DI e de renda fixa tradicional. "Na minha projeção, a poupança deverá render 36,87% daqui a um mês e vai perder para os fundos", afirma. O BMC projeta rendimento líquido de 37,20% para o fundo de commodities, de 37,40% para o fundo DI e de 37,70% para o fundo de renda fixa para quem aplicar hoje.
Zakia diz que o fundo de commodities do BMC está rendendo acima da poupança, com a vantagem do rendimento diário após 30 dias. "Ontem, a poupança pagou 49,42%, enquanto o fundo de commodities do BMC rendeu, líquidos, 49,57%", afirma.

LEIA MAIS
sobre o mercado financeiro na pág. 2-4.

Próximo Texto: Operadores da BM&F compõem samba-enredo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.