São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
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Peça leva 'Você Decide' para o palco

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Veja se não parece o "Você Decide": seis personagens suspeitíssimos jogam conversa fora em um insuspeito salão de beleza unissex, que ocupa o térreo de um pequeno edifício. No primeiro andar, mora Isabel, uma velhinha que passa os dias tocando piano –o som ininterrupto do instrumento escorre por todo o prédio. De repente, a manicure do salão traz a notícia de que a pianista morreu. "A pobrezinha levou uma tesourada no pescoço", informa, trêmula. Dois dos seis personagens se identificam, então, como policiais. E avisam: "O assassino está entre nós." Quem cometeu o crime? O público irá resolver –democraticamente, pelo voto.
Parece o "Você Decide", mas é uma peça teatral, que faz sucesso nos EUA há 16 anos e deve estrear em São Paulo dentro de três meses, provavelmente sob a direção de Jô Soares. Os norte-americanos deram-lhe o título de "Shear Madness" (algo como "Pura Loucura"). Por aqui, terá outro nome: "Corte Fatal". O dramaturgo suíço Paul Portner a escreveu em 1965, quando a Globo nem sonhava com programas interativos.
O texto original pendia para o drama. Agora, é uma comédia. Explica-se: na década de 70, os produtores norte-americanos Marilyn Abrams e Bruce Jordan, viajando por Zurique (Suíça), assistiram à peça. Acharam a montagem em alemão um tanto sombria, mas adoraram o jogo-de-detetive que o autor propunha à platéia. Perceberam que tinham ouro diante dos olhos. Imediatamente, adquiriram os direitos do espetáculo. Salpicaram o texto original com diálogos espirituosos e o encenaram pela primeira vez em 1978, num teatro de Nova York. Sucesso absoluto.
Hoje, a adaptação do casal Abrams-Jordan já percorreu mais de 30 países e quase todo os Estados Unidos. Só em Boston teve 5.000 apresentações consecutivas –o que lhe valeu um lugar no "Guiness Book of World Records", como o espetáculo não musical de maior temporada na história do teatro americano.
Quem resolveu trazer "Shear Madness" para o Brasil é o produtor paulista Pedro Rovai. "Vi a peça em Chicago e me encantei. A trama exige muita improvisação dos atores e a participação delirante do público." No fim de 93, Rovai entregou o texto em inglês para Juca de Oliveira, que o está adaptando. Jô Soares deverá dirigir a montagem (o humorista aceitou o convite, mas ainda não assinou contrato). "Neste momento, procuro patrocínio: a peça custará aproximadamente US$ 200 mil. Só depois de consegui-lo é que definirei o elenco", diz o produtor, que já abriu negociações com o ator Antonio Fagundes.

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